Após o empate sem gols com o Palmeiras, neste domingo (26), pela 30ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, o técnico Leonardo Jardim, do Cruzeiro, expressou publicamente sua "extrema frustração" com a arbitragem e colocou em xeque sua continuidade no futebol nacional. O português abandonou a entrevista coletiva depois de responder apenas à primeira pergunta, em um desabafo forte sobre o que chamou de falta de controle sobre os jogos.
Visivelmente abalado, Jardim questionou se "vale à pena continuar" no país quando, segundo ele, o resultado não é controlado apenas pelo trabalho da comissão técnica e dos jogadores. O treinador destacou que a balança entre a satisfação e a frustração no futebol brasileiro estava perto do equilíbrio.
Revolta e abandono da coletiva
A revolta do técnico se deu por vários lances do jogo contra o Palmeiras. Jardim criticou a decisão do árbitro Rafael Rodrigo Klein de aplicar apenas cartão amarelo ao zagueiro Gustavo Gómez após um carrinho forte em Wanderson, lance que tirou o atacante cruzeirense do jogo. Ele também reclamou da expulsão de Fabrício Bruno, acusando falta de critério e lamentando o protagonismo indevido da arbitragem.
"Eu estou tão frustrado porque eu como treinador só consigo interferir em algumas coisas, preparar os jogadores, trabalhar, treinar. (...) Estou frustrado se vale à pena continuar quando, na realidade, não somos nós que controlamos os jogos", declarou.
O treinador português listou ainda outras situações, como a não paralisação do jogo em uma jogada em que Kaiki teve o lábio inchado, e a expulsão de Fabrício Bruno, que, na sua visão, não fez falta no adversário.
Questionamentos sobre o futebol brasileiro
Em outro momento, Leonardo Jardim reforçou a insatisfação com aspectos estruturais do futebol brasileiro. O técnico revelou uma conversa com o jogador Gabigol, na qual afirmou que a experiência no Brasil não estaria entre as cinco melhores de sua carreira.
"Enquanto um grupo de profissionais estiver sendo gerido ou arbitrado em campo por um conjunto de amadores, enquanto não houver uma formalização dos gramados todos iguais, enquanto não houver um sindicato dos jogadores forte para defender os interesses dos atletas no calendário... Enquanto não houver essas coisas todas, não vamos entrar no top cinco", afirmou.
Jardim concluiu a forte declaração questionando o sentido da permanência no país: "Temos talento, temos emoção, temos os fãs mais espetaculares com quem trabalhei, mas sinceramente, não sei se tudo isso vale à pena".
Com o empate, o Cruzeiro segue na terceira colocação do Campeonato Brasileiro, com 57 pontos. O próximo desafio da equipe é no sábado (1º), às 16h (de Brasília), contra o Vitória, no Mineirão.