
Depois de mais de 20 anos chega ao fim a carreira vitoriosa da oposta Sheilla Castro. O set final será disputado nesta sexta-feira (19), a partir de 19h, no Minas Tênis Clube, onde tudo começou, em uma partida festiva cheia de amigos. Para o jogo de despedida, Sheilla convidou atletas que fizeram parte de sua história como as levantadoras Fofão e Carol Albuquerque, as pontas Gabi Guimarães, Fê Garay e Natália Zilio, as centrais Fabi Claudino, Thaisa, Gattaz e Waleska e os líberos Fabizinha, Escadinha e Léia.
“É muita emoção, não só por ser o jogo de despedida, que por si só é muito emocionante, mas pelas pessoas que vão participar. Então são muitas recordações, lembranças, muito emocionante. Tô muito emocionada e muito grata a todo mundo daqui também. E dentro da minha casa, eu chamo o Minas de minha casa. Com minha família e minhas filhas assistindo, vai ser muito bom”, contou a agora ex-atleta.
O último jogo de Sheilla como profissional aconteceu em abril, na liga dos Estados Unidos. Desde o fim do ano passado, a mineira integra a comissão técnica do Minas e faz um trabalho junto à seleção feminina de vôlei. Mesmo assim, o espírito competitivo e vencedor continuam fortes na ex-jogadora. Tanto que ela quer sair com a vitória até no jogo final.
“Vai ser legal, porque tem gente que tá preparado e gente que não joga há quase uma década, ou até mais, tipo o Maurício (levantador). Eu falei que se eu tiver que montar o time, o meu vai ser mais forte. Dentro de casa, se no último set eu estiver perdendo, eu mudo de time na substituição. Quero ganhar”, brincou.
Os convidados serão divididos em duas equipes: Time Pequim e Time Londres, referentes às edições em que Sheilla conquistou a medalha de ouro com a seleção brasileira. A partida terá três sets de 25 pontos. Os ingressos para o jogo festivo esgotaram em menos de 24 horas do início das vendas.
Adeus da seleção
A despedida de Sheilla com a camisa da seleção aconteceu em 2021, na Liga das Nações, quando o Brasil ficou com o segundo lugar. Pouco tempo depois, o técnico José Roberto Guimarães a deixou fora da lista final que foi para os Jogos Olímpicos de Tóquio. A decisão de não se preparar para as Olimpíadas foi da própria Sheilla.
“Quando começou a pandemia, eu decidi ir pra praia, e não renovar com o Minas. Eu sabia que deixaria de lado os jogos de Tóquio. Foi uma decisão consciente, eu sabia que ficaria difícil. Ele (Zé Roberto) sabia de tudo, eu sabia que seria muito difícil, porque foi uma decisão que eu fiz em 2020, no início da pandemia”, revela.
Mesmo fora do grupo, Sheilla acompanhou de perto a preparação do grupo que conquistou a medalha de prata no Japão. Agora, como parte da comissão, faz uma análise do que podemos esperar da nova geração do vôlei feminino no Brasil.
“Essa geração chegou, não vou nem falar do ano passado, mas a geração de agora chegou muito leve, querendo evoluir, querendo buscar, sabendo que é um processo, que não é da noite pro dia que vão se tornar campeãs olímpicas, mas querendo muito se tornarem as melhores. Eu tenho muita certeza de que elas vão fazer bonito em 2024, e poder estar acompanhando mais de perto a renovação, e poder estar trocando com as jogadoras mais novas é muito legal”, destacou.
O segundo lugar na Liga das Nações e a prata conquistada por uma nova geração no Japão trouxe, segundo a Sheilla, uma mudança de mentalidade entre as jogadoras, que aprenderam a valorizar outras conquistas que não só o ouro.
“A gente tem que valorizar, estar em uma Olimpíada já é a coisa mais incrível do mundo, estar em uma final olímpica. Hoje, falo até por mim, eu aprendi a valorizar mais medalhas de prata, mais o bronze. Porque o processo todo é muito difícil”.