
Aos 38 anos, Sheilla olha para trás e vê uma carreira de sucesso. Foram mais de 20 anos nas quadras, defendendo clubes do Brasil, da Itália e da Turquia, além de quase duas décadas na seleção brasileira. A lista de medalhas conquistadas é ainda mais extensa, revelando uma trajetória muito vitoriosa. Quando começou a jogar, com 13 anos, a jovem atleta não poderia imaginar uma carreira tão campeã. Segundo Sheilla, foi melhor do sonhou.
Com amigos, Sheilla faz último jogo de uma carreira vitoriosa: 'É muita emoção e muitas recordações'
“"Foi uma carreira muito vitoriosa. Com 15, 16 anos eu comecei a entender e tinha como objetivo ser campeã olímpica. Então eu posso dizer que meu grande objetivo como atleta profissional eu conquistei”, ressaltou a ex-jogadora, que conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e Londres (2012).
“Ganhei inúmeros títulos. Olho pra trás eu tenho orgulho não só das medalhas que ganhei, mas o que mais fica é se ligar quando as pessoas falam ‘nossa, você me inspirou nisso, me ajudou nisso’, essa inspiração que consegui me tornar para várias pessoas, de várias gerações diferentes, de jovens que me veem jogar no youtube, pessoas idosas, esse feedback que eu recebo faz tudo valer a pena”, enfatiza Sheilla.
Considerada um dos principais nomes do vôlei mundial, a ex-oposta acredita que o principal legado que deixa é a valorização e visibilidade que deu para o esporte.
“É super legal esse reconhecimento, não vou falar que não é. E para o vôlei, manter isso, as pessoas continuarem falando, é importante. Eu estava em Saquarema, vi que estamos com 96 milhões de pessoas que acompanham o vôlei, em 2013 eram 46. Eu sou apaixonada pelo vôlei. A gente sabe o quanto é importante ser falado, ser lembrado, estar ganhando”, destacou Sheilla.
Depois de ter feito tanto pelo vôlei, a ex-jogadora está tranquila com a decisão de parar. Até porque, Sheilla segue sendo procurada por clubes do Brasil e do exterior. A ex-atleta conta que até as filhas Nina e Liz, de quatro anos, perguntam porque ela não joga mais.
“Nunca é fácil decidir parar e sempre está em dúvida se é o momento certo. Ainda é difícil, porque ainda recebo propostas. Mas acho que estou feliz com tudo que conquistei, onde cheguei, e sinto que chegou o momento de parar. É uma decisão consciente, feliz também. Acho que o que define toda minha trajetória com o vôlei é alegria e felicidade. Falo que o vôlei foi minha primeira paixão”, conta.
De tantos momentos inesquecíveis, Sheilla destaca dois: o melhor e o pior. O primeiro é a famosa virada sobre a Rússia nas quartas de final dos Jogos de Londres. A oposto salvou cinco match points e foi a maior pontuadora da partida.
“Vou citar um que foi o jogo da Rússia, recentemente fez 10 anos. Foi um momento muito marcante da minha carreira. O jogo contra a Rússia, fica marcado até hoje, muito vívido, por ser uma olimpíada. Não fico uma semana sem alguém me mencionar”, relembrou.
O pior momento, no entanto, foi a derrota para os Estados Unidos na semifinal do Mundial de 2014. A ex-atleta não ficou satisfeita com sua atuação e sua liderança dentro do grupo.
"Para mim mais doloroso foi a derrota no Mundial de 2014, para os EUA. Porque eu acho que ali umas coisas poderiam ter sido diferentes. Sabe quando você coloca a cabeça no travesseiro e está tranquilo com tudo que você fez? No Mundial não, então foi muito dolorosa aquela derrota. Estou falando de mim, eu poderia ter feito coisas diferentes”, explica.
No balanço da carreira, Sheilla tem certeza que viveu mais momentos felizes do que tristes, que serviram de aprendizado dentro de quadra e para a vida. O saldo é mais do que positivo.
“Eu não imaginei minha carreira inteira, eu não imaginava, mas eu tinha objetivo de ser campeã olímpica, isso eu acho que imaginei ali adolescente, mas falar que eu imaginava tudo que ia acontecer, isso nunca. Foi melhor do que poderia ter imaginado, com certeza”.