Estados Unidos e Inglaterra se enfrentam às 16h desta sexta-feira, pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Catar. Há 72 anos, no mundial realizado no Brasil, as duas seleções também se enfrentaram pelo Grupo B, e o resultado é considerado uma das maiores zebras da história das Copas: a vitória dos EUA por 1 a 0.
Em 1950, os EUA se classificaram junto ao México nas eliminatórias que tinha apenas mais uma seleção, Cuba. Os estadunidenses eram amadores, com os jogadores tendo outras profissões para sobreviverem, como lavadores de pratos, agentes funerários, carteiros, entre outros.
"Ninguém ganhava a vida com futebol naquela época", disse o lateral-esquerdo Walter Bahr, em entrevista à própria seleção anos depois. Vale lembrar que os EUA passaram a ter uma liga de futebol profissional (MLS) apenas em 1996, ou seja, 46 anos depois.
Do outro lado, a Inglaterra chegava para sua primeira Copa, já que se recusou a participar das três anteriores. Os ingleses eram considerados um dos favoritos e tinham, por exemplo, Stanley Matthews, dito como o melhor jogador do mundo na época. As seleções foram sorteadas para o grupo B, ao lado de Espanha e Chile. Eles se enfrentaram na segunda rodada, em Belo Horizonte, no estádio Independência.
Extremamente favorita, a Inglaterra poupou alguns jogadores, entre eles Stanley. Mesmo assim, era esperada uma goleada dos ingleses, até por parte dos próprios estadunidenses. "Entramos no jogo esperando manter o placar baixo. Se tivéssemos tomado cinco ou seis gols, teríamos considerado uma vitória moral", disse o goleiro Frank Borghi, dos EUA.
O jornal britânico ‘Daily Express’, chegou a dizer que era mais justo que os EUA começassem o jogo já com vantagem de 3 a 0. No entanto, quando a bola rolou, o que os mais de 10 mil torcedores presentes no estádio assistiram foi um resultado histórico.
A Inglaterra pressionou desde o início, mas os estadunidenses se seguraram da forma como era possível, principalmente buscando o jogo físico, parando o jogo com faltas várias vezes. Aos 38 minutos da primeira etapa, o lavador de pratos, Joe Gaetjens, completou um chute do professor Walter Bahr e abriu o placar para os EUA.
Mesmo saindo atrás do placar, os ingleses ainda esperavam golear, só que viram o adversário jogar o “jogo da vida” para segurar o resultado e terminar vencedor. O agente funerário Frank Borghi, foi o grande responsável por manter o 1 a 0 no placar, fazendo grandes defesas.
Após o jogo, os ingleses reclamaram da estrutura do gramado e do estádio, de um falta marcada que queriam pênalti e dos estrangeiros dos EUA. Gaetjens, autor do gol estadunidense, é haitiano, por exemplo, mas na época ele residia nos EUA, o que já era suficiente para ele defender o país. No fim, os dois países acabaram eliminados na primeira fase, já que apenas um se classificava e a Espanha foi a líder, vencendo os três jogos.
60 anos depois …
Inglaterra e EUA voltaram a se encontrar em Copas em 2010, na África do Sul. Pelo grupo C, empataram na primeira rodada em 1 a 1. No fim da primeira fase, ambos avançaram com o mesmo número de pontos, mas com os EUA em primeiro devido ao número de gols marcados (4x2). Os dois países foram eliminados nas oitavas de final naquele ano.
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