Fazer futebol no mundo atual demanda mais do que conhecimento de táticas e técnicas. Em um universo dinâmico e que caminha a passos ainda lentos para uma profissionalização mais efetiva, o Cruzeiro deu um passo adiante para colaborar com o crescimento do esporte bretão brasileiro.
 
Na noite desta quinta-feira, membros da cúpula cruzeirense e de uma universidade de Belo Horizonte lançaram o curso "Gestão e Negócios no Esporte". A iniciativa, que visa formar novos profissionais de excelência na área, se baseia em experiências internacionais vividas por gestores atuais da Raposa.
 
Com a presença do técnico cruzeireirense Mano Menezes, alunos e profissionais de diversos ramos de atuação tiveram o contato com a perspectiva atual do que acontece, do ponto de vista gerencial, nos bastidores do futebol nacional.
 
Contando um pouco sobre sua experiência na carreira, Mano Menezes deu um "panorama rasteiro" sobre o caminho que segue atualmente o futebol nacional.
 
"Tirar o presidente atual da Confederação Brasileira de Futebol (Marco Polo Del Nero) não é a solução (para o futebol brasileiro). Vai aparecer outro fazendo as mesmas coisas. Os clubes têm a força para mudar esse panorama, com uma nova gestão, nova mentalidade. Precisamos assumir o papel, com uma nova mentalidade e preparação maior. Em um país onde a moda vai e volta, podemos retroceder. Temos que dar passos firmes, pois os aproveitadores estarão na espreita. Se errarmos, eles vão voltar. Assim como Eurico Miranda voltou no Vasco. O (Roberto) Dinamite teve a oportunidade de mudar, mas não adianta ter apenas a experiência dentro de Campo. Tem que ir além" , analisou Mano.
 
Experiente e com passagens pela seleção brasileira, o treinador disse que o trabalho como técnico é uma das partes mais "tranquilas" no que diz respeito à gestão. 

"Gestão de pessoas é um ponto que mais pega na minha profissão, a de técnico. Meu pai já dizia isso. Durante essa passagem da minha vida eu pude confirmar essa obrigação. Gerir uma equipe de futebol é a parte menos complexa. Saber quem joga, qual treino será dado. A parte mais difícil é lidar com pessoas, dirigentes, jogadores, membros da comissão técnica", comentou o treinador celeste.
 
No centro do debate, mediado pelo advogado Sérgio Rodrigues, superintendente do Cruzeiro e um dos idealizadores do curso, Mano Menezes citou a importância de se ter uma gestão mais profissional no Brasil.
 
"Não é possível fazer um bom time de futebol sem investimento. Mas é possível fazer um mal time com alto investimento", citando que não basta ter apenas dinheiro no esporte.
 
Além de Sérgio Rodrigues e Mano Menezes, estiveram presentes no lançamento do curso Gestão e Negócios no Esporte o diretor de futebol do Cruzeiro, Thiago Scuro, o diretor de marketing Marcone Barbosa e o diretor de comunicação Guilherme Mendes. O ex-goleiro Gilberto, marcado por sua passagem no América, também marcou presença.
 
Sobre a participação mais efetiva das mulheres na gestão do esporte, Mano fez uma avaliação interessante. "O futebol é um mundo masculino, existe uma dificuldade natural da mulher participar no primeiro momento. Recentemente joguei contra uma equipe em Hong Kong e era uma treinadora. No Chelsea uma médica teve problema com o (José Mourinho, atual técnico do Manchester United-ING). No Flamengo uma presidente, a Patrícia Amorim. No futebol a mulher vai ocupar o espaço, tem que estar preparada", disse.

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