

O Conselho Deliberativo do Cruzeiro formou uma comissão eleitoral para dar prosseguimento à eleição presidencial no dia 21 de maio. A medida, tomada pelos membros da Mesa Diretora, Paulo Roberto Sifuentes, vice-presidente, e o primeiro secretário, Waldeyr Estevão de Paulo, acontece em função da falta de respostas de José Dalai Rocha, que acumula funções de presidente interino do clube e da mesa do próprio Conselho, sobre o evento para a escolha do novo chefe executivo do clube.
"A Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro Esporte Clube resolve, por unanimidade, com fulcro no art. 27, e no parágrafo único do art. 28, ambos do Regimento Interno do Conselho, NOMEAR COMISSÃO ELEITORAL (sic) para praticar atos necessários à realização da reunião extraordinária a ser realizada no dia 21/05/2020", diz parte da deliberação da mesa diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, datada de 17 de abril de 2020.
Esse documento explica os motivos do chamamento para a comissão eleitoral, citando três pedidos de explicações ao então presidente José Dalai Rocha, que não foram respondidos.
De acordo com Paulo Roberto Sifuentes, que assina a deliberação, um e-mail foi encaminhado a Dalai no dia 7 de abril, que não foi respondido. A mensagem, ainda segundo Sifuentes, "externava preocupação de inúmeros conselheiros sobre a reunião extraordinária do dia 21 de maio".
Uma nova mensagem foi enviada no dia 15 de abril, também sem resposta, cobrando uma reunião da Mesa Diretora para que medidas fossem tomadas em relação à eleição. E uma das deliberações era a criação da comissão eleitoral.
Pela falta de respostas o próprio Sifuentes, junto de Waldeyr, decidiram por maioria dos componentes da mesa pela criação da comissão eleitoral, que já está designada por três membros. São eles: os desembargadores José Eustáqui Lucas Pereira, conselheiro nato do clube, e Maurício Pinto Ferreira, associado conselheiro, e o advogado Sérgio Murilo Diniz Braga, conselheiro nato.
Em conversa com a reportagem do Hoje em Dia no dia 16 de abril, o ex-presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, já comentava sobre essa possibilidade de instituir uma comissão eleitoral para fazer valer o estatuto do clube.
"O Dalai (José Dalai Rocha) renunciou por escrito junto com a diretoria executiva anterior. Eles renunciaram e deram um prazo para deixar o mandato deles, até o dia 1º de junho. Dia 21 de maio é o prazo que ele tem para realizar a eleição. E a mesa diretora atual só não saiu junto dos demais quando da renúncia, justamente para convocar, realização a eleição, e depois empossar o novo presidente. Pronto, é isso, ele tem que sair no dia 31 de maio. E se não realizar essa eleição, os conselheiros estão se articulando para criar uma comissão eleitoral e realizar o pleito", garantiu Gilvan de Pinho Tavares ao HD.
A deliberação da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo também designou um médico, o doutor Eduardo Fonseca, para elaborar parecer técnico fixando critérios e procedimentos para resguardar a saúde de todos os conselheiros durante o processo eleitoral. Claro, levando-se em conta o momento atual vivido no mundo, que tenta de todas as formas lutar contra o coronavírus.
"Fica, todavia, a critério da Comissão Eleitoral, adotar outro procedimento diante da excepcionalidade da situação, se, do parecer acima citado, for desaconselhável a eleição presencial", cita a deliberação.
Como mostrou o Hoje em Dia, o estatuto do Cruzeiro permite, dentre outras possibilidades, uma eleição virtual.
Ainda de acordo com o documento assinado por Sifuentes, tal medida foi tomada para evitar "um verdadeiro impasse institucional no âmbito do Cruzeiro Esporte Clube, uma vez que, a partir do dia 1º de junho de 2020, diante da renúncia coletiva da Mesa Diretora do Conselho, o Clube ficará sem direção no âmbito do Conselho e da Presidência", diz outra parte da deliberação assinada em 17 de abril.