'Se a bola não desviasse no Darci, também entraria', garante Reinaldo sobre gol polêmico em 1977

Alexandre Simões
@oalexsimoes
26/03/2021 às 22:46.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:31
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

“Não lembro dessa história (que o Wright tenha anotado gol contra na súmula). A bola realmente desviou no Darci, mas se não desviasse também ia entrar. Estava dentro da área. Peguei firme. Seria gol de qualquer forma”. Este é o depoimento de Reinaldo sobre o lance do seu gol sobre o Cruzeiro em 27 de março de 1977, na primeira partida da decisão do Campeonato Mineiro de 1976, que invadiu o ano seguinte.

O Rei recorda com carinho daquela primeira partida decisiva, pois garante ter sido um dos grandes momentos daquela equipe. “Aquele foi um dos melhores jogos do Atlético. O time era muito bom, jogava muito fácil. O Cruzeiro tinha sido campeão da Libertadores, mas nosso time era só menino. O deles, mais velho, mais experiente. A gente apostou sempre na velocidade. Sabia que eles não iam conseguir acompanhar a gente”, revela o maior ídolo alvinegro.Arquivo Hoje em Dia

Entre as muitas marcas alcançadas por Reinaldo com a camisa do Atlético, uma das mais importantes é a condição de maior artiheiro do clássico contra o Cruzeiro, no Mineirão, com 16 gols

Maior artilheiro do confronto no Mineirão, com 16 gols, esta polêmica bola na rede foi apenas a quinta dele sobre a Raposa num momento em que o Atlético começava a viver uma virada em relação ao clássico contra o rival e também no Campeonato Mineiro.

Segundo o ex-jogador, sua marca no clássico poderia ser maior, mas ele teve alguns gols anulados em lances que garante não terem acontecido irregularidades.

A taça de 1976, que foi conquistada com duas vitórias por 2 a 0 sobre o Cruzeiro, foi apenas a segunda do Galo a partir de 1965, quando foi inaugurado o Gigante da Pampulha. Isso em 12 edições.

E Reinaldo se lembra bem do que ele e o grupo atleticano viveram antes daquela final: “A gente viu que podia sonhar mais. Apesar de muito novos, fomos formados juntos, sonhando em um dia fazer grandes jogos e chegou aquele momento. Era todo mundo da base do Galo e a gente sabia que tinha feito um time bom. A partir daqueles dois jogos, ganhamos mais visibilidade dos times de Rio, São Paulo. Naquele ano mesmo, todo mundo ficou impressionado com o time do Atlético no Campeonato Brasileiro”.

Ele lembra ainda de uma passagem envolvendo o então técnico da Seleção Brasileira, Cláudio Coutinho: “O Coutinho veio assistir um jogo nosso e disse que era um time de tiziu (espécie de passarinho), pois ninguém conseguiu pegar”.

Tirando o pé

Os relatos dos jornais no dia seguinte aos dois jogos da final de 1976 são de uma grande diferença entre Atlético e Cruzeiro, com a análise de que as duas vitórias alvinegras, ambas por 2 a 0, poderiam ter sido até com placares maiores.

Reinaldo explica o que fez o time “diminuir” o ritmo nos dois clássicos: “Naquela época, todos os times eram muito violentos. Neste jogo teve um lance em que o Cerezo pegou a bola com a mão e entregou para o Morais, dizendo para ele jogar bola e parar de bater. O time tirou o pé para evitar pancada”.

As duas partidas finais de 1976 estão bem vivas na memória de Reinaldo. Mas o craque às vezes recorre aos vídeos. E eles têm a narração de Vilibaldo Alves, que na época trabalhava na Rádio Itatiaia.

“Vendo os vídeos, com a narração do Vilibaldo Alves, é muito emocionante. Eu ouço as narrações dos gols dele e lamento estar dentro de campo naquela época, pois queria ter ouvido mais. Ele faz a gente vibrar, chorar, arrepiar”. O Rei descrevendo o que sente ao ouvir seus gols na voz de Vilibaldo Alves é mais ou menos o que a Massa sentia vendo ele jogar. Em especial em dias como aquele 27 de março de 1977, quando ele marcou o gol com a bola desviando em Darci Menezes.

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