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Terça-Feira,30 de Abril

Gastos do dia a dia no ano passado 'engolem' alta do salário mínimo, reajustado para R$ 1.039

Paulo Henrique Lobato
phlobato@hojeemdia.com.br
06/01/2020 às 07:20.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:11

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Funcionária de um restaurante, Heloísa Gomes, de 33 anos, recorre à calculadora para entender o porquê de o salário mínimo ter ultrapassado pela primeira vez a barreira dos R$ 1 mil na era do Plano Real, mas seu novo vencimento, agora de R$ 1.039, não ser suficiente para pagar as contas e despesas cotidianas na comparação com janeiro de 2019, quando o piso nacional era de R$ 998.

“Em 12 meses, produtos e serviços subiram muito mais que o mínimo”, desabafou. O reajuste do piso foi de 4,1%. Já parte dos gastos do dia a dia de Heloísa e de vários trabalhadores na capital que recebem o mínimo decolaram, atingindo percentuais bem maiores.

O preço do gás de cozinha, por exemplo, registrou alta de 6,6% de janeiro de 2019 à última pesquisa da ANP em dezembro do mesmo ano, com o preço máximo do botijão de 13 quilos saltando de R$ 75 para R$ 80. Antes da virada do ano, a agência autorizou nova alta de 5% nas distribuidoras, o que deve pesar ainda mais no bolso do consumidor. O custo do diesel S10 também registrou aumento de 5% no mesmo período, variando entre R$ 3,644 e R$ 4,199 o litro.

“Os valores das carnes estão nas alturas. Na minha casa, a gente fazia churrasco no fim de semana. Hoje, trocamos a carne de boi pela de frango”, contou. 

O preço de alguns cortes subiu dois dígitos, como o da alcatra. Em janeiro de 2019, o valor médio era de R$ 27,98. Passou para R$ 33,98. Alta de 13,3%%, três vezes mais que o reajuste do piso nacional.

Pela primeira vez na história do Plano Real, o mínimo venceu a barreira do R$ 1 mil, mas o poder de compra das pessoas, comparado a janeiro de 2019, diminuiu, levando-se em conta as cestas particulares de consumo de cada lar

Na mesma base de comparação, o contrafilé disparou de R$ 28,20 para R$ 35,33 (aumento de 25,2%). Até mesmo o filé de peito de frango, que ela passou a consumir, cresceu dois dígitos (12,8%), de R$ 12,64 para R$ 14,27. Os preços foram calculados pelo site Mercado Mineiro com base em consultas a estabelecimentos comerciais em janeiro e dezembro de 2019.

Os aumentos se devem, sobretudo, a uma crise em rebanhos na China, o que levou o país asiático a importar mais carne do Brasil. Como o comprador paga em dólar, o produtor daqui optou por vender para fora. A alta da moeda americana também contribui.

Mas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) avalia que o preço da carne irá baixar nas próximas semanas na comparação com o início de dezembro. A arroba do boi, que chegou a R$ 216, deve ficar entre R$ 180 e R$ 200.

O ganho real do salário-mínimo de 2019 (R$ 998) para 2020 (R$ 1.039), cujo exato percentual ainda depende da divulgação da inflação oficial do Brasil no ano passado, a ser calculada pelo IBGE nos próximos dias, ficará em torno de 0,2%

 Disparada

O belo-horizontino sofreu com aumentos exagerados em outras despesas diárias. “A tarifa do metrô é uma delas”, reclama a usuária Eliana Rocha, de 47 anos. Em janeiro passado, ela pagava R$ 1,80. “Subiu para R$ 4”. 

A diferença de 122% se deve à decisão da CBTU de atualizar a cobrança do serviço, que estava defasada havia anos, segundo a empresa. 

Por isso, ocorreram cinco aumentos em menos de 12 meses. Em janeiro passado, Eliana gastava R$ 79,2 para ir e voltar do serviço no metrô. Agora, R$ 176.

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