Medicamentos e cosméticos estão na lista de produtos que devem ser vendidos a preço reduzido para mostrar a carga tributária no país (Maurício Vieira/Hoje em Dia)
O consumidor mineiro terá a oportunidade de comprar na quinta-feira (2) produtos com o preço reduzido, como se não existissem tributos. A data marcará a 16ª edição do Dia Livre de Impostos. A iniciativa acontece também em outras partes do país, e o desconto no valor final pode chegar a 70%.
A organização prevê que medicamentos, cosméticos e roupas estejam incluídos na lista de itens com valor diferenciado.
Para se ter ideia, o brasileiro trabalha 149 dias do ano para pagar impostos. De 1º de janeiro até hoje, a população do país já desembolsou mais de R$1 trilhão em tributos em 2022. Por meio deles vem a maior parcela dos recursos arrecadados pelo Estado. Segundo o governo federal, em 2021, a carga tributária chegou a 33,90% do PIB brasileiro.
No gás de cozinha, por exemplo, o preço final tem cerca de 15% de impostos. O item é um dos que vai ser vendido com abatimento amanhã em BH: a distribuidora Amigão do Gás se comprometeu a vender 200 botijões por R$89,90 – o valor normal é R$109,65.
“Em função da pandemia, o consumidor passou a ficar mais atento aos gastos e ao que está pagando no caixa. Esse novo comportamento vem chamando a atenção para os tributos que correspondem a grande parte do valor final de uma compra.
Queremos que os consumidores entendam que o preço praticado não está ligado à escolha do lojista, mas, sim, submetido à carga tributária do país”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva.
No Barro Preto, o posto Pica-Pau irá comercializar 5 mil litros de gasolina comum sem o valor correspondente à carga tributária. Por lá, quem colocar R$235 de combustível no tanque pagará R$150. Nesse produto, a incidência de impostos representa 36% do valor total.
Para o presidente do Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Minas Gerais), Rafael Macedo, a participação de postos de gasolina na iniciativa é essencial na conscientização. “Combustível, possivelmente, é o produto em que o consumidor observa com mais clareza como a carga tributária é nociva no valor final da bomba”.
O advogado tributarista Antônio Carlos de Castro acredita que o mais importante da ação é conscientizar a parcela da população que mais sofre com a carga tributária. “Se em relação ao PIB está em 33%, para a classe mais baixa supera os 43%. Já as classes mais privilegiadas sofrem uma incidência menor, cerca de 20% da sua capacidade econômica. Isso porque cobra-se mais tributos sobre o consumo, em detrimento da tributação da renda e do patrimônio”.
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