
Theresa May foi a segunda mulher a se tornar Primeira-Ministra do Reino Unido, cargo que ocupou entre 2016 e 2019. E foi responsável pela maior injeção de capital para o Serviço de Saúde Nacional do Reino Unido e a maior ampliação de serviços de saúde mental em uma geração inteira.
Em sua palestra pela internet no último dia do festival de investimentos XP Expert 2022, que termina nesta quinta-feira (4) em São Paulo, Theresa defendeu uma pauta “verde” de sustentabilidade e falou dos desafios para a democracia.
Membro do Parlamento representando Maidenhead (cidade do condado de Berkshire) há mais de duas décadas, a parlamentar britânica criticou o imediatismo de líderes de diversos países ao responder demandas de pessoas que esperam que as respostas sejam imediatas. E que não se preocupam com a verdade e os problemas econômicos atuais.
“O que nós estamos vendo é o que chamamos de populismo. Líderes não têm que dar respostas fáceis. Há questões difíceis que precisam de tempo para considerarmos as soluções”, destacou.
Na teleconferência, Theresa May demonstrou preocupação com o conflito na Ucrânia. E disse que a ofensiva do presidente Vladimir Putin, em uma tentativa de expandir a fronteira russa, como fez em 2014 com a invasão da Crimeia, e partes da Geórgia, em 2008, impactou a dinâmica mundial e provocou uma grande reação.
“Acredito que a Europa, o Reino Unido e os Estados Unidos estão reagindo de forma correta. Estamos apoiando refugiados e sanções estão sendo impostas”, afirmou.
Theresa disse que Putin é oportunista e que a tentativa de Moscou de tentar impedir a inclusão da Suécia e da Finlândia na aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com o apoio dos Estados Unidos, alegando que aumentaria a tensão militar na região, não saiu como Putin desejava.
No dia em que a China fez um “exercício” militar disparando mísseis no Estreito de Taiwan, depois de a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, fazer uma visita à ilha, a parlamentar britânica afirmou que a China sempre desgostou do controle americano.
E disse que há uma diferença muito grande na forma como o governo chinês encara a economia, em relação às democracias ocidentais. “Nós do Ocidente temos que estar cientes das ações que a China vem tomando.”
Sobre o Brexit, Theresa May ressaltou que nos últimos dois anos, com a pandemia, não é possível avaliar a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas disse que o governo inglês tem negociado os próprios acordos comerciais, muitos deles continuações de quando a Inglaterra ainda era membro da União Europeia, além de buscar novos parceiros comerciais. “Nós temos feito novos acordos com Austrália, Nova Zelândia, Japão, mas isso leva tempo”, explicou.
À frente da bandeira de uma política energética sustentável, a ex-primeira ministra disse que a produção de usinas de geração de energia eólica tem gerado emprego e renda para os ingleses. “Também devemos nos preocupar com as mudanças climáticas e avaliar o que devemos fazer quanto à segurança energética. (...) Temos de apoiar a energia limpar para aumenta nossa capacidade de redução de gases”, alertou.
Theresa May lembrou que o Brasil foi signatário do acordo que prevê a redução do desmatamento. E ressaltou que países menos desenvolvidos têm a oportunidade de pular etapas e passar mais rapidamente para uma economia mais verde. "Há muito a fazer e não é apenas a emissão de gases. É a degradação da natureza e a degradação climática que impacta globalmente o meio ambiente”, finalizou.