Insegurança alimentar

Fome atinge mais de 60 milhões de pessoas no Brasil, diz ONU

Da Redação
06/07/2022 às 17:49.
Atualizado em 06/07/2022 às 18:04
 (Marcello Casal/Agência Brasil)

(Marcello Casal/Agência Brasil)

O Brasil tem, atualmente, mais de 60 milhões de pessoas passando por insegurança alimentar moderada ou grave, de acordo com o relatório "O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo", lançado nesta quarta-feira (6) por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

Conforme o documento, a prevalência de insegurança alimentar grave subiu de 3,9 milhões, (1,9% da população), entre 2014 e 2016, para 15,4 milhões (7,3%), entre 2019 e 2021. A prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave em relação à população total aumentou de 37,5 milhões de pessoas (18,3%), entre 2014 e 2016, para 61,3 milhões de brasileiros (28,9%), entre 2019 e 2021.

No mundo
O levantamento aponta os dados da fome e todo o mundo e mostra que o total de pessoas afetadas aumentou em 150 milhões desde o início da pandemia do novo coronavírus, alcançando 828 milhões, em 2021.

Na avaliação dos chefes das cinco agências da ONU, o relatório destaca a intensificação dos principais fatores de insegurança alimentar e má nutrição que são “conflitos, choques climáticos e choques econômicos, combinados com as crescentes desigualdades". Eles ratificaram que devem ser tomadas medidas mais ousadas para construir resiliência contra choques futuros.

O documento sinaliza que o mundo está se afastando ainda mais da meta de acabar com a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição em todas as suas formas até 2030. Depois de permanecer relativamente inalterada desde 2015, a proporção de pessoas afetadas pela fome, que era da ordem de 8% em 2019, cresceu para 9,3% em 2020 e continuou a subir em 2021, chegando a 9,8% da população mundial.

Outro dado preocupante é que cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo (29,3% do total) enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa no ano passado, o que corresponde a 350 milhões a mais em comparação com o período pré-pandemia. Cerca de 924 milhões de pessoas (11,7% da população global) enfrentaram a insegurança alimentar em níveis severos, alta de 207 milhões de pessoas em dois anos.

Mulheres e crianças
A insegurança alimentar continuou a aumentar em 2021, na questão por gênero. Cerca de 32% das mulheres no mundo enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa, ante 27,6% dos homens. A diferença foi de mais de quatro pontos percentuais, em comparação aos três pontos percentuais observados em 2020.

Segundo o relatório, em torno de 45 milhões de crianças menores de cinco anos sofriam de baixo peso para a estatura (wasting), que é a forma mais mortal de má nutrição, o que aumenta o risco de morte das crianças em até 12 vezes. Além disso, 149 milhões de crianças menores de cinco anos tiveram crescimento e desenvolvimento atrofiados (stunting) devido à falta crônica de nutrientes essenciais em suas dietas. Por outro lado, 39 milhões estavam acima do peso.

Guerra
Os representantes das cinco agências da ONU observaram que a guerra entre Rússia e Ucrânia está interrompendo as cadeias de suprimentos internacionais e elevando os preços de grãos, fertilizantes, energia, bem como alimentos terapêuticos prontos para uso por crianças com má nutrição grave.

As cadeias de suprimentos já estão sendo afetadas negativamente por eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, em especial em países de baixa renda, com implicações severas para a segurança alimentar e nutrição globais, destacaram as agências.

O relatório aponta que o apoio mundial ao setor alimentício e agrícola totalizou quase US$ 630 bilhões por ano, entre 2013 e 2018. A maior parte dos recursos é destinada aos agricultores individuais, por meio de políticas comerciais e de mercado e subsídios fiscais. De acordo com o estudo, entretanto, este apoio é distorcido pelo mercado, bem como não está atingindo muitos agricultores, o que prejudica o meio ambiente e não promove a produção de alimentos nutritivos que compõem uma alimentação saudável.

Isso acontece, em parte, porque os subsídios visam, muitas vezes, a produção de alimentos básicos, laticínios e outros alimentos de origem animal, especialmente em países de alta e média renda, enquanto frutas, legumes e verduras são menos apoiados, particularmente em países de baixa renda.

Futuro
O cenário projetado para 2030 não é otimista, de acordo com o relatório. As projeções são que cerca de 670 milhões de pessoas (8% da população mundial) ainda enfrentarão a fome em 2030, “mesmo que uma recuperação econômica global seja levada em consideração”. O número é semelhante ao de 2015, quando o objetivo de acabar com a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição até o final desta década foi lançado sob a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

*Com Agência Brasil

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