despesas em cascata

Inflação da energia atinge vários produtos e aumenta aperto do consumidor

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 22/06/2022 às 08:02.
Eduardo Cardoso diz que já fez de tudo, mas não consegue reduzir o preço da conta de luz em casa (Fernando Michel/Hoje em Dia)

Eduardo Cardoso diz que já fez de tudo, mas não consegue reduzir o preço da conta de luz em casa (Fernando Michel/Hoje em Dia)

A energia elétrica fica mais cara para os consumidores mineiros a partir desta quarta-feira e isso vai provocar um aumento de preços em vários produtos. Para os consumidores residenciais, o reajuste autorizado foi de 5,22%. Para a indústria, 14,31%, e o repasse de custos vai pesar ainda mais no orçamento. 

Para a economista Mafalda Valente, professora das Faculdades Promove, não tem como fugir dos efeitos do aumento. Segundo ela, até mesmo quem estiver isento do pagamento vai sofrer o impacto no bolso.

“No fim das contas, quem paga as contas são os consumidores. A energia, assim como os combustíveis, tem impacto em toda a cadeia produtiva e um aumento na energia vai muito além do reajuste residencial, batendo direto no bolso dos consumidores”, disse a economista.

O vendedor Eduardo Cardoso, de Belo Horizonte, é um dos que está tentando fugir dos aumentos da energia, mas vê o esforço perdido a cada novo aumento. “Eu tirei as brincadeiras da minha filha na hora do banho, tento manter as luzes apagadas e até contratei energia de uma empresa de energia solar. Mas a redução que consegui na conta de luz, eu vou perder agora com o reajuste”, lamenta. 

Dona Edith Arantes, cozinheira de Contagem, também tenta economizar, mas para ela é mais difícil. “Eu preparo pães e bolos em casa para revenda, e utilizo forno e muitos aparelhos elétricos, se aumentar o preço da energia eu tenho que repassar para os meus produtos, não tem jeito”, disse.

“As indústrias mineiras já estão trabalhando com uma margem de lucro bastante restrita e não tem como segurar o repasse aos consumidores por muito tempo. Se houve o aumento, ele será repassado. Não é necessariamente imediato e nem será de 14,31%, mas em alguns casos pode ser até maior, pois acontece um acúmulo de reajustes que se espalha por toda cadeia produtiva”, explicou Mafalda Valente.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o reajuste atinge os 8,8 milhões de clientes residenciais da Cemig, além de todos os consumidores industriais e comerciais que adquirem energia da companhia.

Agência ainda afirmou que o reajuste poderia ser maior, pois considera a devolução de créditos tributários, recolhidos a maior pelas prestadoras, numa redução de - 15,20% no índice de reajuste tarifário. 

Em defesa do reajuste, a Cemig emitiu nota esclarecendo que não houve aumento nos últimos dois anos e argumentou que, do valor cobrado dos consumidores, apenas uma pequena parte fica com a empresa.

“Do valor cobrado na tarifa, apenas 23,1% ficam na Cemig Distribuição e se destinam a remunerar o investimento, cobrir a depreciação dos ativos e outros custos. Os demais 76,9% são utilizados para cobrir encargos setoriais (16,1%), tributos pagos aos Governos Federal e Estadual (27,3%), energia comprada (26%), encargos de transmissão (7%) e receitas irrecuperáveis (0,5%)”. 

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