Mandante de chacina

Mânica ficará preso o 'suficiente para ter um fim de vida que não desejo a ninguém', diz acusação

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
28/05/2022 às 08:00.
Atualizado em 28/05/2022 às 15:12
Advogado Roberto Tardelli, assistente de acusação no julgamento de Antério Mânica (Valéria Marques)

Advogado Roberto Tardelli, assistente de acusação no julgamento de Antério Mânica (Valéria Marques)

Sentenciado a 64 anos de prisão por ser mandante da chacina de Unaí, Antério Mânica deixou a sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte, ainda em liberdade. O destino após a leitura da condenação não foi a cadeia, pois conseguiu o direito de recorrer em liberdade.

Na sentença, a juíza Raquel Vasconcelos determinou cumprimento inicial de pena em regime fechado. Apesar disso, a magistrada determinou direito a Antério de recorrer em liberdade devido a entendimentos do Superior Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre prisão antes da condenação em trânsito e julgado, a partir do princípio da presunção de inocência. O réu também conseguiu um Habeas Corpus (HC). 

Assistente de acusação, o advogado e ex-promotor Roberto Tardelli afirma que os recursos apenas "adiam o inadiável". Na avaliação dele, não há dúvida: "a prisão vai ocorrer". "O caminho está cada vez mais curto. Ele tem cada vez menos chances de permanecer em liberdade", afirmou. 

Conforme Tardelli, apesar da idade de Antério (67 anos), o fazendeiro passará "muito tempo" preso. "O suficiente para ele ter um fim de vida que eu não desejaria para ninguém", declarou o advogado, que também comemora a condenação. "Estou com a sensação de dever cumprido. Conseguimos acolher a dor da família das vítimas e acabar com o medo da impunidade que durou 18 anos", declarou. 

Tardelli explicou, ainda, que a prisão de Antério poderá ocorrer a partir do momento que o Tribunal Regional Federal (TRF) julgar o recurso apresentado pelo Ministério Público. "Ele já está condenado. A prescrição da pena não existe mais. A revisão de mérito da condenação não é possível de ser feita. Agora, é só esperar", completou.

Relembre o crime
Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do trabalho João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí, no noroeste de Minas Gerais.

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como Chacina de Unaí.

Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes foram condenados por serem "pistoleiros" contratados. As penas, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

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