Aumento do combustível

Postos do interior relatam dificuldade para repor estoque e já temem desabastecimento

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
10/03/2022 às 18:07.
Atualizado em 10/03/2022 às 18:44
 (Carlos Roberto/Arquivo)

(Carlos Roberto/Arquivo)

Proprietários de postos de combustíveis no interior de Minas relatam recordes na procura pela gasolina, dificuldade para comprar combustíveis e demonstram preocupação sobre como os reajustes anunciados pela Petrobras, na manhã desta quinta-feira (10), vão chegar às cidades, devido à inclusão do valor do frete. 

No início do dia, Vitor Veloso, empresário e proprietário do Posto Cristo Rei, no centro de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, vendia a gasolina a R$ 6,59 o litro - segundo ele, o mais barato da região - e decidiu reajustar o valor para R$ 6,89 nesta quinta mesmo, por causa das filas que se formaram no local em poucas horas após o anúncio da Petrobras.

“Meu posto virou uma muvuca, uma baderna, vendi uma litragem absurda que nunca tinha vendido antes. Precisei aumentar para estabilizar a situação e eu conseguir abrir amanhã, porque todos os alertas do meu estoque estão no vermelho”, relata.

Nesta sexta-feira, o empresário estima que vai abrir o posto com o preço da gasolina a R$7,10, aumento de 7,7% na bomba. O litro do diesel era vendido a R$ 6,28 e passou para R$ 6,59, alta de 4,93%

De acordo com empresário, até as 15h desta quinta-feira, ele já tinha vendido 6.000 litros de gasolina, o dobro do que ele costuma vender diariamente. Em relação ao novo aumento que vai precisar aplicar, Vitor demonstra preocupação porque, além dos aumentos anunciados pela estatal, os preços finais serão somados ao frete e a sua margem de lucro, que é entre 4 e 5%.

Norte de Minas

Em Janaúba, segunda maior cidade do Norte de Minas, Heleno Fernandes, proprietário de dois postos de combustíveis na cidade, estima que vai precisar acrescentar R$ 0,70 no preço da gasolina vendida no local, passando de R$7,20 para R$7,90, alta de 9,7%. Já o diesel vai sofrer alta de R$1,10, saindo de R$5,75 para R$ 6,85, aumento de 19%.

Segundo o empresário, no entanto, os reajustes são iniciais e devem aumentar ainda mais quando as distribuidoras anunciarem seus repasses. "A expectativa é que seja um pouco maior porque as distribuidoras, geralmente, acrescentam cerca de 2 a 3% a mais que o anunciado pela Petrobras”, afirma Heleno. 

Experiente no segmento, o empresário se diz preocupado em como o consumidor vai receber os aumentos. “Temos muita dificuldade para repassar para o consumidor e fazer ele entender. O poder aquisitivo dos moradores do interior é muito menor e impacta diretamente no consumo”, diz.

Ainda segundo o empresário, a queda de oferta de petróleo no mundo devido à guerra entre Ucrânia e Rússia já vinha prejudicando a compra de combustíveis e teme que a situação piore. “Já tem mais de 15 dias que temos muita dificuldade para comprar, principalmente o diesel, as distribuidoras estão trabalhando com redução de oferta porque sabiam que o reajuste viria. Aqui, na minha região, nenhum posto conseguiu recarregar agora de tarde. As distribuidoras simplesmente ignoram, não dão satisfação nenhuma”, afirma. 

Em nota, o Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais), que representa mais de 4.000 postos, afirma que já iniciou interlocução com as bases distribuidoras para que os fretes sejam reajustados imediatamente e não haja risco de desabastecimento.

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