direção e chuva

Volta do feriadão sob chuva deixa estrada mais perigosa e especialista dá dicas de segurança

Da Redação
Portal@hojeemdia.com.br
14/11/2022 às 19:40.
Atualizado em 14/11/2022 às 19:45

"Sob chuva é difícil ver e ser visto". O alerta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado nesta segunda-feira (14), dá dicas aos motoristas que estão na estrada ou que vão voltar do feriado prolongado desta terça-feira (15).

Polícia Rodoviária Federal divulga alerta com dicas para motoristas que dirigem na chuva (PRF / Divulgação)

Polícia Rodoviária Federal divulga alerta com dicas para motoristas que dirigem na chuva (PRF / Divulgação)

A combinação chuva e direção costuma ser sinônimo de problemas, principalmente para motoristas que não têm muita experiência de dirigir em estrada e por longas distâncias.

O Instituto Nacional de Meterologia (Inmet) avisa que a terça de feriado será de tempo instável e chuvoso em praticamente todo o estado de Minas Gerais.

E, segundo a PRF, cuidados básicos como deixar os faróis acesos, aumentar a distância do carro da frente, reduzir a velocidade e não parar na pista podem ser fundamentais para deixar a viagem mais segura.

O Hoje em Dia ouviu um especialista que deu dicas sobre como para evitar acidentes e problemas no automóvel em dias de chuva forte.

Para o engenheiro mecânico e consultor automotivo da Stellantis, Denis Marum, um dos principais problemas de se dirigir durante chuvas nas grandes cidades é a velocidade com que vias se alagam. Ele faz uma analogia para alertar condutores sobre a fragilidade dos automóveis em situações de enchentes.

“O carro é como um relógio à prova d'água, que são aqueles que suportam o contato com o líquido, mas não funcionam submersos em grandes profundidades. Não é como um relógio para imersão. É o que eu sempre digo, se a água subir demais, saia do veículo e não tente atravessar áreas alagadas”, explica.

O engenheiro aponta que existe uma altura limite em que é considerado seguro que um carro passe por uma rua alagada. Acima deste ponto, o veículo pode ter danos graves e, por vezes, até irreversíveis.

“Até metade da roda é tranquilo, mas acima disso é perigoso porque a água no sentido contrário vai gerar uma marola que vai atingir a entrada de ar. O motor funciona como um aspirador de pó que puxa o ar no filtro de ar, que fica localizado na altura do farol”, alerta.

O ar entra no motor para, junto com o combustível, proporcionar a queima que faz com que o veículo ande. Se, no lugar do ar, entra água, o funcionamento do motor fica comprometido. É por esse motivo que, se o carro ‘morrer’ durante um alagamento, não é recomendado que se tente dar a partida novamente.

“Quando a água bate na entrada  de ar, a primeira que acontece é que o motor morre, porque não tem ar para fazer a combustão. Se o motor morrer, não é pra tentar fazê- lo pegar. Saia do carro e procure um lugar seguro", explica Marum.

O engenheiro mecânico também chama a atenção para o sistema eletrônico de veículos mais modernos, que podem ser afetados pela água da chuva. E ensina o que fazer, se entrar água e o carro parar de funcionar.

"Se você insistir em dar partida no carro, a água entra, pode entortar a biela e travar o motor, e, aí, o prejuízo é enorme, até porque muitas seguradoras não cobrem esse tipo de fenômeno”, afirma Marum.

O especialista também dá a dica de avançar lentamente, com a primeira marcha engatada e acelerando levemente o tempo todo em áreas alagadas. Esse processo aumenta a saída de gás pelo escapamento e evita que a água entre pelo cano de escape e chegue ao motor, causando os mesmos problemas de quando ela acessa a peça pelo filtro de ar.

Passada a enchente, o recomendado é não ligar o carro novamente, chamar um reboque até uma oficina para realizar a análise das peças e fazer uma limpeza tanto no motor como nas partes internas do carro, que podem ficar sujas e mofadas.

Aquaplanagem

Além das enchentes, a presença de água na pista, mesmo que com pouca profundidade, pode provocar acidentes. 

“A aquaplanagem vem do pneu careca, que não consegue dissipar a água em alta velocidade. Não se anda de jeito nenhum com pneu careca," alerta o consultor.

"Nesses casos, você freia, a roda trava, mas o carro segue em movimento, planado. O pneu do carro se transforma em uma prancha de surfe e as pessoas desesperadas tentam mudar a direção", destaca Marum. 

Mas se acontercer durante uma viagem, o motorista deve ter muita calma para recuperar o controle do veículo, em situações extremas. "O que deve ser feito é tirar o pé do freio e dar uma acelerada pra ver se ele ganha atrito de novo. É contra- intuitivo, mas é o correto”, explica.

Problemas nas vias

Em ruas e estradas, depois da tempestade, raramente vem a bonança. Chuvas intensas costumam deixar como ‘legado’, buracos nas pistas. E velocidade e más condições das vias é uma combinação problemática  porque, nem sempre, é possível desviar, especialmente enquanto ainda está chovendo, como explica Marum.

“Durante a chuva, quando a água enche os buracos, você não pode evitá-los. A melhor forma de evitar danos é passar em baixa velocidade. Porque passar um buraco em alta velocidade danifica primeiro o pneu. O segundo dano é a roda, se ficar torta tem que balancear, às vezes até trocar. Em terceiro vêm os amortecedores e as peças ligadas à suspensão que podem estragar”, alerta o engenheiro.

Denis Marum que ainda ressalta que, caso não seja possível evitar um buraco, é preciso depois estar atento a sinais como o carro tendendo a mudar sozinho a direção para um dos lados e a barulhos no sistema de suspensão. Caso o motorista perceba algo dessa natureza, é necessário fazer a correção de problemas o mais rapidamente possível, para evitar mais dor de cabeça no futuro.

Outra consequência que chuvas fortes podem ocasionar nas vias é a invasão de barro na pista. O especialista afirma que não há dica segura para dirigir na lama. E caso o carro seja atingido, é preciso lavá-lo rapidamente.

“Na lama não tem jeito, é só 4x4 (carros com tração nas quatro rodas) que se sai bem. É difícil de orientar, porque cada situação é muito específica. O ideal é sempre evitar. Tudo é mais barato evitando. Se ficar sujo de barro, o carro precisa ser lavado e retirado todo o barro, porque ele guarda umidade e a umidade enferruja as peças do carro”. 

Manutenção preventiva

“Eu costumo recomendar que a revisão periódica é importantíssima e mais barata. Se o transporte público, o metrô, o ônibus, o trem, o avião fazem é porque sai mais barato, com certeza. O brasileiro tem que saber que a cada 10 mil quilômetros é preciso ser feita uma revisão”, afirma Marum. 

O engenheiro ainda reforça uma dica importante relacionada à manutenção e às chuvas: checar sempre se o limpador de pára-brisas está funcionando corretamente para evitar perceber algum defeito justamente durante uma tempestade.

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