Durante a pandemia da Covid-19 uma das principais preocupações dos cientistas é a possibilidade de mutação do vírus. De acordo com o professor Renan de Pedra Souza, do Observatório de Vigilância Genômica de Minas, a cada nova variante, a doença se espalha cada vez mais rápido.
“Desde que a Ômicron surgiu, a Organização Mundial da Saúde já informou que ela é a mais transmissível até agora. Se nós formos pensar, a Delta transmite mais rápido do que a Gama e por aí vai”, explica o pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, a variante Ômicron já infectou 138 pessoas no Estado - 97,62% das amostras analisadas. Conforme o painel de monitoramento da Covid da SES-MG, em Belo Horizonte, nas últimas três semanas, 76 pessoas foram contaminadas pela nova variante da Covid. “Na última semana, um laboratório particular entregou para o Estado os resultados dos seus exames que já identificam a presença da nova variante”, afirma.
Segundo Souza, os testes feitos neste laboratório que registraram a nova variante explicam o salto expressivo nos números e a queda nos casos da Delta.
O painel também revela que a Ômicron surgiu no Estado na 48ª semana epidemiológica desde o início da pandemia. E levou apenas três semanas para ultrapassar 95% dos novos casos registrados de Covid. A Delta, também considerada pelas autoridades de saúde como uma das mais transmissíveis, surgiu na 26ª semana da pandemia e atingiu 95%, 24 semanas depois.
O professor afirma que essa diferença de tempo não reflete a capacidade de transmissão do vírus. O que acontece é que o exame de sequenciamento das amostras enviadas pela Fundação Ezequiel Dias à UFMG é mais demorado e nem todos os resultados já foram divulgados.
Para o pesquisador, os dados atuais do Painel de Monitoramento são importantes para apontar o marco zero da contaminação comunitária no Estado. Essa informação é relevante para a adoção de medidas para evitar o contágio da população pelas autoridades de saúde. Ele ressalta que a frequência da variante Ômicron só será constatada depois que as amostras enviadas ao Observatório de Vigilância Genômica forem sequenciadas geneticamente.
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