Ônibus sem cobrador gera quase mil queixas em BH; reunião nesta quinta discute tarifa em 2020

Liziane Lopes
18/12/2019 às 21:12.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:05
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Falhas na prestação do serviço e más condições dos ônibus da capital motivaram mais de 7,6 mil reclamações dos passageiros no primeiro semestre. A média é de 42 por dia. A falta de trocadores registrou o maior crescimento de solicitações, na comparação com o mesmo período do ano passado. A ausência dos agentes de bordo deve voltar à tona nesta quinta-feira (19), durante reunião na prefeitura para tratar da tarifa do transporte público em 2020.Maurício VieiraEm meio às reclamações sobre o transporte público, passageiros aguardam o resultado da reunião que pode definir reajuste das tarifas

De janeiro a junho, 991 queixas relativas à inexistência dos cobradores nos coletivos foram recebidas pela BHTrans. Nos mesmos seis meses de 2018, nenhuma. Quem depende do modal para ir trabalhar, estudar ou mesmo dar um passeio pela metrópole garante que os profissionais sumiram. 

“Tiraram e ainda podem aumentar a passagem. Não é justo. Eu não vejo trocador nos ônibus que pego nem em horário de pico”, afirma o empresário Abel Saturnino, de 27 anos. O rapaz, que utiliza o serviço para ir do Barreiro ao bairro Prado, na região Oeste, já reclamou junto à autarquia de trânsito. “Além disso, sempre demora, os ônibus estão cheios. É muito difícil”, acrescenta.

Por lei, a presença do agente de bordo é obrigatória nos horários de pico. Empresas flagradas cometendo a irregularidade estão sujeitas a multa de R$ 688,51. Mas a punição parece não surtir efeito, reforçam os usuários. “Já teve vez de entrar no coletivo às 7h e não encontrar cobrador”, diz a instrutora de treinamento Gabriele Tavares, de 24 anos. 

O coro é engrossado pela estudante Eduarda Matos, de 16. Além dos passageiros, acrescenta a jovem, sofrem os motoristas, que precisam receber o dinheiro de quem não tem o cartão BHBus. “Em qualquer horário que entro não vejo o cobrador”.

Segundo a BHTrans, 14 mil multas foram aplicadas de janeiro de 2018 a junho de 2019. A orientação do sindicato das concessionárias (SetraBH) é que as empresas cumpram a determinação nos ônibus convencionais, de 6h às 20h29.

Outras reclamações

O ranking de queixas dos usuários, no primeiro semestre deste ano, também abrange motorista que não para no ponto de embarque e desembarque (1.816), comportamento inadequado do operador (1.765) e descumprimento de quadro de horário (1.106).

Problema crônico

A falta de agente de bordo é um problema crônico, mostrado várias vezes pelo . O prefeito Alexandre Kalil chegou a dizer que um futuro reajuste dependeria da volta imediata de 500 profissionais aos ônibus.

Apesar das queixas dos usuários, o SetraBH garante que fez as contratações. Em nota, a entidade destacou que “a destinação dos novos agentes de bordo levou em consideração horários e rotas onde é maior o número de pessoas que pagam a passagem em dinheiro”.

Especialista em transporte e Trânsito, Márcio Aguiar reforça que o valor da tarifa cobrada na capital mineira (R$ 4,50) é alto quando comparado ao restante do país. Evasão de passageiros em função da precariedade do sistema é uma das causas.

“Por aqui não existe subsídio e quando tentam reduzir custos, como a retirada dos cobradores, sempre dá muita polêmica. O ideal é fazer como o resto do mundo, com a tecnologia de cartões magnéticos e créditos comprados antes (do embarque). É preciso reformular o transporte público de Belo Horizonte”, avalia.

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