Após Bolsonaro defender desobrigação do uso de máscaras, médicos dizem que atitude é inaceitável

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
12/06/2021 às 08:05.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:09
 (Reprodução/ Pixabay)

(Reprodução/ Pixabay)

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro pleiteia desobrigar o uso de máscaras à população imunizada ou para quem já foi infectado pelo vírus. No entanto, especialistas veem a medida como inaceitável, sem qualquer embasamento científico, podendo causar graves consequências.

O chefe do Executivo federal afirmou que havia conversado com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que assinaria um parecer para reverter a obrigatoriedade, determinada por lei desde julho do ano passado. Porém, mesmo após tomar a vacina, a atitude não é recomendada, pois os imunizantes não impedem o contágio nem a transmissão.

Segundo o infectologista Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de Belo Horizonte, diante de um cenário epidemiológico ruim, como é visto atualmente no país, a orientação serviria para colocar “combustível na fogueira”. “As pessoas vão achar que podem ficar sem máscara, mesmo vacinadas, boa parte vai adquirir o vírus, transmitir, e o ciclo não acaba nunca”, avaliou.

Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas que tomaram as duas doses não precisam usá-lo. Entretanto, o especialista afirma que isso só é possível por conta da grande quantidade de imunizados. “Os números deles são muito bons, o que é completamente diferente do Brasil”, acrescenta.

De acordo com Unaí Tupinambás, que também faz parte do grupo de médicos da PBH, estudos revelam que, para pôr fim à pandemia, é necessário aliar medidas não-farmacológicas com a aplicação do imunizante. Ele também chama a atenção para os riscos da desobrigação de uso das máscaras. “Quanto mais pessoas se infectam, mais novas cepas resistentes à vacina”.

Para Unaí, o discurso de Bolsonaro é inadequado, já que apenas 10% da população brasileira foi completamente protegida contra o coronavírus - cerca de 21 milhões de pessoas. “É inaceitável o presidente falar sobre isso nesse momento da pandemia, onde estão morrendo 1,8 mil pessoas por dia”, afirmou. Segundo o Ministério da Saúde, 17 milhões de brasileiros se infectaram com o vírus. Destes casos, 484 mil morreram.

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