Apesar de alta ocupação de leitos em BH, Estado defende atrasar abertura de hospitais de campanha

Anderson Rocha
arocha@hojeemdia.com.br
16/06/2020 às 15:22.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:47
 (Reprodução/ Facebook)

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Mesmo após a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para a Covid-19 ter chegado a 82% nesse fim de semana em Belo Horizonte, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) compreende que não é o momento correto para a ampliação de vagas via abertura dos hospitais de campanha do Expominas, na região Oeste de BH, e de Betim. Segundo a pasta, a prioridade é acompanhar de perto a lotação dos espaços, ampliando vagas na rede da Fhemig e de hospitais da Região Metropolitana de BH.

As informações foram divulgadas durante coletiva da SES-MG na tarde desta terça-feira (16), reunião que contou com a presença do governador de Minas, Romeu Zema (Novo) e na qual foi anunciada a entrega de 500 respiradores e a criação de 79 leitos em diversos municípios do interior. Na ocasião, os gestores ainda apresentaram os dados de óbito por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Minas.

Para o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, cumprir as previsões de ocupação de leitos conforme o Plano de Contingenciamento de Macrorregiões é atitude mais ágil, na atualidade, ao invés de abrir o centro médico de retaguarda, que deve ser visto como de uso apenas em caso de esgotamento das opções já existentes. Pelo Plano, o Estado deve priorizar a destinação de leitos de terapia intensiva, com respiradores, para o interior do Estado, além da própria rede da Fhemig. 

"Neste momento nós entendemos que é muito mais ágil, muito mais célere, nós imediatamente ampliarmos os leitos na rede da Fhemig e tentarmos leitos em outros hospitais que já estavam no Plano de Contingência antes de nós abrirmos os hospitais de campanha. Eu reforço que essa abertura do hospital de campanha está planejada para um cenário de grande estresse assistencial. Para termos um hospital de campanha, precisamos ter toda uma estrutura que necessita de profissionais de saúde. Ou seja, há uma necessidade de recursos humanos, que nem sempre têm oferta grande no Estado", afirmou.

Quanto ao interior, Amaral esclareceu que o Plano de Contingência prevê que pacientes do interior sejam tratados em suas microrregiões ao invés de serem trazidos para atendimento em BH. Segundo o gestor, é parte natural da epidemia que ela vá para o interior, mas é necessário seguir os estudos anteriormente produzidos pelo Governo de Minas sobre ocupação dos leitos.

"Primeiro nós ocupamos as microrregiões. Quando nós não temos leitos de terapia nas microrregiões, elas vão para as cidades-pólo das macrorregiões. Nós estamos ampliando leitos nessas regiões. Tanto que muitos ventiladores que chegaram irão para essas regiões e o objetivo é que não venhamos a trazer pacientes do interior para a capital. Existe, sim, uma referência natural para a capital de outras doenças, é assim que foi construído o SUS, mas no que tange à Covid, a ideia nossa é que mantenhamos os pacientes nas suas macrorregião de origem", disse.

Ainda segundo Amaral, o isolamento ainda será a estratégia mais eficiente existente. "Mesmo que nós venhamos a ampliar a oferta de leitos, ela só terá resultados se o isolamento for mantido de forma adequada. Isso vale também para a Região Metropolitana. Temos que ter um isolamento adequado. Vários municípios já retroagiram nesse isolamento", afirmou.

Óbitos por SRAG

O chefe da SES-MG ainda apresentou os dados atualizados sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), enfermidade que traz um conjunto de sintomas que coincidem, além da própria Covid-19, com doenças cardíacas e pulmonares. No início do mês, as notificações de SRAG apresentaram aumento, o que gerou dúvidas sobre suposta subnotificação de casos da Covid-19. A situação foi explicada pela pasta na ocasião.

Segundo Cabral, Minas tem, nesta terça-feira, 1710 óbitos notificados para a SRAG, sendo que 502 deles foram confirmados para a Covid-19; 981 foram descartados para a doença causada pelo novo coronavírus; e 227 mortes ainda seguem em investigação para a definição se ocorreram por Covid-19, SRAG ou outra enfermidade. 

Distribuição de respiradores

Amaral ainda comentou sobre como ocorrerá a distribuição dos respiradores anunciados pelo Governo de Minas. Segundo ele, os equipamentos chegarão ao longo deste e do próximo mês, o que representará um aumento da capacidade de atendimento em terapia utensiva nos próximos 45 dias em Minas. Conforme o gestor, há deliberações que especificam para onde cada um dos respiradores será enviado. Para receber um dos equipamentos, é preciso que a cidade tenha estrutura para uso, parecer já finalizado e disponível no Plano de Contingência Macrorregional. 

"À medida que chegarem esses respiradores, nós rodamos conforme a capacidade instalada e a demanda. Ou seja, em quais regiões, hoje, nós temos mais necessidade e nós temos um estresse maior, então, uma perspectiva maior de demanda maior", explicou.

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