Assembleia quer R$ 30 milhões do acordo da Vale para produção de vacina mineira da Fiocruz e UFMG

Anderson Rocha*
arocha@hojeemdia.com.br
14/04/2021 às 13:33.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:41
 (MAURÍCIO VIEIRA)

(MAURÍCIO VIEIRA)

Após a Fiocruz Minas e a UFMG terem concluído, com "resultados bastante animadores", uma etapa do estudo para o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) informou, nesta quarta-feira (14), que apresentará emenda ao acordo entre o Estado e a Vale para que R$ 30 milhões dos recursos indenizatórios referentes à tragédia de Brumadinho, na Grande BH, sejam usados para a produção do imunizante.

"Vamos incluir, entre as obrigações que a Vale deverá cumprir no Estado, os repasses necessários ao desenvolvimento e produção da vacina. Com os recursos para a continuidade da pesquisa, espero que possamos, em breve, anunciar a produção e distribuição do nosso imunizante", declarou o presidente da Casa, deputado Agostinho Patrus (PV).

O parlamentar, no entanto, não informou quando a tramitação da emenda terá início. Em comunicado, Patrus convidou "todos os deputados a assinarem conjuntamente, porque tenho certeza que a busca da vacina é algo que une o parlamento". O deputado ainda afirmou que o imunizante é a solução para "reduzir o sofrimento das pessoas, garantir o retorno seguro das atividades econômicas, diminuir a fome - que voltou a assolar nosso país - e assegurar, acima de tudo, a vida".

A @assembleiamg participará do desenvolvimento de uma vacina 100% brasileira. Vamos incluir no acordo do Estado com a Vale a obrigação de investimento na produção do imunizante pesquisado pela @ufmg.— Agostinho Patrus (@agostinhopatrus) April 14, 2021

Vacina mineira

Presente virtualmente na Reunião Especial de Plenário que discutiu o tema, a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, enfatizou a relevância dos recursos para a continuidade dos estudos. Ela relembrou que a UFMG vai sofrer, neste ano, corte de R$ 40 milhões, o que corresponde a 18,9% do seu orçamento, e fato que inviabilizaria o projeto do imunizante.Reprodução/ ALMG 

Reitora da UFMG fala em reunião na ALMG

Segundo a gestora, a vacina em questão é denominada "quimera proteica", e está em estágio mais avançado entre outras seis pesquisadas pela UFMG e parceiros. Além disso, conforme Sandra, é uma das três em desenvolvimento mais adiantadas no Brasil. "Chegamos a um ponto em que não podemos parar", declarou.

A reitora também comentou que essa vacina intramuscular apresenta baixo custo em relação a outras. Segundo ela, os testes em camundongos apresentaram resultados de 100% de eficácia, uma vez que nenhum deles desenvolveu a doença. Nessa terça-feira (13), foram iniciados os testes da vacina em primatas.

A expectativa da reitora é de que, em 2022, a vacina possa ser produzida nacionalmente, a partir de um acordo que já está sendo feito, segundo ela, com a Fundação Ezequiel Dias (Funed).

Acordo com a Vale

O Projeto de Lei (PL) 2.508/21, de autoria do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), tramita na Assembleia e autoriza a utilização de recursos oriundos de acordo judicial firmado com a Vale para a reparação de danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que matou 272 pessoas em janeiro de 2019.

Na reunião na ALMG nessa manhã, Agostinho Patrus afirmou que se compromete a incluir, por meio de uma emenda ao projeto de lei em questão, a destinação do valor de R$ 30 milhões necessários para as fases 1 e 2 dos testes da vacina neste ano. Conforme a Assembleia, a proposição está em prazo para apresentação de emendas na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária.

* Com ALMG

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