Câmara de BH discutirá reabertura de igrejas e infectologista esclarece: 'não é o momento'

Anderson Rocha
@rochaandis
22/04/2020 às 18:24.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:20
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Uma reunião presencial e virtual na manhã desta quinta-feira (23) na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), com vereadores e religiosos, vai discutir a reabertura de igrejas e templos religiosos na capital mineira, que estão fechados e proibidos de realizarem cultos e missas, como forma de combate à proliferação do novo coronavírus.

De acordo com o autor do requerimento, o vereador Autair Gomes, do PSC, o objetivo da reunião é pedir à Prefeitura de Belo Horizonte que flexibilize a realização de atos eclesiásticos na cidade, permitindo que sejam feitos cultos ou missas que respeitem os critérios de prevenção à Covid-19 e que tenham quantidade reduzida de fiéis.

"Queremos cuidar da saúde psicológica e emocional do povo. As pessoas poderem ir à igreja é uma necessidade muito grande. Se um templo tem 200 pessoas, a flexibilização permitiria 20 fiéis por culto. Ou ainda uma missa a cada meia hora", afirmou. Segundo Autair, o requerimento para BH é inspirado em decreto da Prefeitura de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que flexibilizou a realização desses eventos.

A reportagem procurou a gestão do município da Grande BH, distante cerca de 40 km da capital, e foi informada que os cultos e missas continuam proibidos em Betim. Segundo a prefeitura, a cidade permite apenas a realização de reuniões com público limitado e com duração de até 20 minutos. Além disso, está liberado o funcionamento das áreas sociais e administrativas dos templos. No último dia 13, Betim fechou duas igrejas evangélicas que realizaram cultos com aglomeração.

Infectologista discorda

Para o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e membro do Comitê de Enfrentamento à Epidemia do Covid-19, a volta da realização de cultos e missas, mesmo que com número reduzido de pessoas, pode atrapalhar todo o projeto de combate à contaminação pela doença em Belo Horizonte.

"Imagine quantas igrejas existem na cidade, imagine todas essas pessoas circulando para irem a esses templos. Entendo que é inadequado, não é a hora certa", afirmou o especialista. Segundo ele, o retorno deverá ocorrer em momento oportuno, conjugado à volta de outros setores.

"Quando começar uma flexibilização de toda a cidade, as igrejas, sob determinadas regras, que incluem número limitado de pessoas, respeito ao distanciamento de dois metros entre fiéis, uso de álcool e máscara de proteção, poderia ser viável [o retorno]", afirmou. 

Reunião cristã

Ainda conforme o vereador Autair Gomes, a reunião desta quinta-feira contará com as presenças de alguns vereadores da Frente Cristã da Câmara, além de líderes das religiões católica e evangélica, que deverão participar por videoconferência. O objetivo do vereador é enviar o requerimento à Prefeitura de BH logo após a reunião para que as celebrações voltem a acontecer. 

"Se o prefeito [Alexandre Kalil (PSD)] flexibilizar, a necessidade é tão grande, se no próximo domingo já puder acontecer, já seria muito bom. Mas se estabelecerem um prazo, iremos respeitar", finalizou Gomes. As igrejas estão proibidas de realizarem atividades desde a publicação do decreto 17.304. O documento fechou, em 20 de março, estabelecimentos com potencial de aglomeração de pessoas por tempo indeterminado.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte para entender se há estudos na administração municipal para a reabertura flexibilizada de reuniões religiosas e aguarda um retorno.

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