Temporada chuvosa tira o sono de 1,5 mil famílias que vivem em áreas de risco em BH

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
06/12/2021 às 07:54.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:13
 (Flavio Tavares)

(Flavio Tavares)

A chegada do período chuvoso atormenta mais de 1,5 mil famílias que vivem em áreas de risco geológico nas vilas e favelas de Belo Horizonte. A prefeitura garante que o objetivo é tirar essa população das encostas, mas enquanto isso não acontece, muita gente perde o sono com medo dos deslizamentos de terra.

Na Cabana do Pai Tomás, regional Oeste de BH, o risco de desabamentos é iminente. Segundo Ricardo Nunes, morador da região e líder comunitário, existe uma promessa antiga da PBH de intervenções no local, mas até hoje nada foi feito. “Casas continuam penduradas e as pessoas, em condição de risco”.

Ele afirma que os moradores não têm condições de deixar as casas e tampouco contam com assistência do poder público. “A qualquer momento pode acontecer um acidente. Não há uma contenção”.

A situação se repete no Vila Betânia, também na zona Oeste da capital. Gladson Reis, presidente da associação de moradores e empreendedores, conta que 15 famílias foram removidas pela prefeitura da área de alto risco através do programa Bolsa Moradia, mas não têm perspectiva de voltar tão cedo. 

“Até hoje o município não fez obras e não reconstruiu. Tem famílias ilhadas, idosos que não conseguem voltar para casa por causa dos últimos deslizamentos”.

A Prefeitura de BH alega que há um programa estruturado para a remoção dos moradores das regiões, mas não divulgou detalhes. Além disso, o Executivo afirma que estuda formas de fiscalização para garantir a segurança das famílias, minimizar as situações de risco e impedir novas ocupações irregulares.

No entanto, a administração municipal diz que a atuação é limitada quando se trata de localidades particulares ou existem conflitos judiciais. Desse modo, a PBH avalia a possibilidade de entrar na esfera jurídica para executar essas ações, tendo-as como prioridade de momento.

Em entrevista recente, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) afirmou que a secretaria municipal de Obras e Infraestrutura elaborou uma programação para as encostas, com recapeamento e melhoria nas condições de habitação.

“São obras muito importantes para um povo que está carente e precisando muito. Mas falar de habitação depende muito da boa vontade do Governo Federal, e nós sabemos disso”, afirmou.

Neste ano, de janeiro a outubro, foram removidos cerca de 170 grupos familiares de áreas de risco. Conforme a prefeitura, essas pessoas serão contempladas com o auxílio moradia até a definição das intervenções necessárias no local.

Com a previsão de chuvas abundantes em dezembro, o alerta se acende novamente para os moradores. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esse é o mês com mais precipitações historicamente.

Alerta de risco geológico

Em virtude do volume das chuvas previstas para as próximas 48 horas, a Defesa Civil emitiu um alerta para a possibilidade de risco geológico alto até sexta-feira (10) na capital. Recomenda-se atenção no grau de saturação do solo, sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos.  

Em áreas de risco geológico, o órgão recomenda atenção ao grau de saturação do solo, sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos. Para isso, é indicada a instalação de calhas, conserto de vazamentos em reservatórios e caixas-d’água, além de não jogar lixo ou entulho nas encostas e não despejar esgoto nos barrancos.

Os moradores podem receber alertas de risco de chuvas fortes, granizo, tempestades, vendavais, alagamentos, risco de deslizamentos de terra e outros fenômenos meteorológicos por SMS. Para se cadastrar, basta enviar uma mensagem de texto com o CEP para o número 40199. O serviço não tem custo. A população também pode acompanhar os alertas pelas redes sociais do órgão.

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