Vídeo de estudante do Promove viraliza após pedir que bolsonaristas usem máscara em BH; assista

Vivian Chagas (*)
@vivisccp
16/03/2021 às 17:50.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:25
 (Reprodução/Arquivo Samuel Elom)

(Reprodução/Arquivo Samuel Elom)

Um estudante de Jornalismo das Faculdades Promove foi hostilizado e vaiado no último domingo (14), dia em que Minas registrou 7.490 novos casos de Covid-19 em 24 horas, após pedir conscientização pelo uso de máscara e distanciamento social durante uma manifestação de bolsonaristas. Um vídeo com a atitude do estudante Samuel Elom, de 27 anos, viralizou nas redes sociais e recebeu apoio de personalidades, como o jornalista Felipe Andreoli e o editor-executivo do site The Intercept Brasil, Leandro Demori.

Da janela da sala na residência do universitário, localizada no bairro Mangabeiras, região Centro-Sul de Belo Horizonte, ele tem uma boa visão da Praça do Papa, local onde são realizadas grande parte das manifestações pró-Bolsonaro desde o ano passado. "Sempre fiz esse movimento de ligar a caixa de som, pegar o microfone e mandar mensagens para o cumprimento de medidas sanitárias, ainda mais nesse momento onde as ocupações de leitos nos hospitais estão no limite", conta.

No dia da gravação do vídeo, na manhã do último domingo (14), a praça foi palco de mais uma carreata a favor do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Houve grande aglomeração de manifestantes, em sua maioria, sem máscara e desrespeitando o distanciamento social.

A cena foi presenciada por Samuel, que repudiou a ação pelo desrespeito às medidas sanitárias contra a Covid. “Hospitais do Brasil inteiro enfrentam hoje um desafio enorme, a maioria com mais de 90% de lotação na UTI. A nossa única forma de driblar essa doença é com o distanciamento social e o uso de máscaras. Por favor, falem para seus familiares, tomem cuidado, cuidem de vocês, cuidem do próximo, usem máscaras, mantenham a distância. No mais, muito obrigado!", diz o estudante no vídeo que viralizou nas redes sociais.

Fui vaiado na manifestação.É isso. pic.twitter.com/43olkZE49w— Elom (@Samuel_Elom) March 14, 2021

A atitude não deixou os bolsonaristas nem um pouco contentes, que, em resposta, vaiaram e fizeram gestos obscenos para o jovem.Reprodução/Arquivo Samuel Elom

Manifestantes hostilizaram o estudante após as declarações

Repercussão 

O vídeo possui mais de 400 mil visualizações no Twitter, além de 27,3 mil curtidas e 2,7 mil compartilhamentos. Dentre eles, de grandes personalidades, como o jornalista Felipe Andreoli, que compartilhou a postagem com palavras de apoio.

melhor vaia. parabens. se bem que tá mais pra mugido do que pra vaia... https://t.co/vrXiRAq9ZX— @andreolifelipe (@andreolifelipe) March 15, 2021

O editor-executivo do site The Intercept Brasil, Leandro Demori, também deixou seu retweet:

Samuel conta que não esperava tamanha repercussão da postagem: "Eu não estava esperando. Eu não falei nada demais, todas as atitudes que pedi foram coisas básicas, ainda mais nesses tempos que estamos vivendo. Mas, ainda sim necessárias, porque tinha muita gente sem máscara", lembra.

O estudante ainda pontua que se os manifestantes voltarem, sem o uso de máscara, vai voltar a se manifestar. "Vou aproveitar da liberdade de expressão para me manifestar, caso aconteça novamente. Acredito que manifestações são direitos de todos, mas sem máscara é repudiante", diz.

Apesar da maioria sem o objeto de proteção, alguns respeitavam as medidas sanitárias. "Tinham pessoas de máscara e que estavam dentro do carro. Mas a grande maioria não estava nem aí para nada, nem parecia que estávamos em uma pandemia. Isso me assustou", relata.

Violência 

O estudante expõe que já recebeu ameaças de morte em um de seus discursos durante manifestações. Em julho do ano passado, em uma carreata de apoio a Bolsonaro e pedidos de "fora Kalil", também na Praça do Papa, Samuel se posicionou contra os manifestantes também da janela de casa com som e microfone. A atitude rendeu uma repercussão em jornais de grande distribuição do Estado. Após divulgado seu nome, os autores da ameaça descobriram sua página do Facebook, onde estava o número de telefone do jovem, e começaram a mandar mensagens de cunho violento. 

(*) Estagiária do Hoje em Dia, sob supervisão do editor Mateus Rabelo

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por