Desrespeito ao uso obrigatório do Faixa Azul rende 200 multas por dia em BH

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
12/08/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:03
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

Mais vagas disponíveis no sistema de Faixa Azul, frota em expansão, fiscalização reforçada e a insistência de motoristas em burlar as regras de trânsito. A soma desses fatores resulta no crescimento das infrações por desrespeito às normas de estacionamento rotativo em Belo Horizonte. De janeiro a julho, já são mais de 42 mil autuações, segundo o Departamento de Trânsito (Detran-MG). O número é superior a todo o ano de 2016.

A multa por estacionar em desacordo com a regulamentação obrigatória do rotativo na capital é de R$ 195,23. O motorista ainda perde cinco pontos na carteira de habilitação. 

Hoje, a média é de pelo menos 200 condutores flagrados burlando o Faixa Azul na cidade todos os dias. Apesar de elevado, o número ainda é subestimado por muitos motoristas.

É o caso da recepcionista Lorena Santos, funcionária de uma academia na região Centro-Sul de Belo Horizonte, relata que estaciona todos os dias em vagas de rotativo, mas sem pagar pela folha que, atualmente, custa R$ 4,40. 

O Hoje em Dia mostrou, na edição de sexta-feira (11), que de janeiro a agosto deste ano, 625 vagas físicas foram criadas na cidade dentro do sistema Faixa Azul, conforme dados da BHTrans. Um montante 15 vezes maior do que o registrado em 2016

Ela explica que, por permanecer nove horas no trabalho, o custo para estacionar regularmente seria de quase R$ 20 por dia. Mesmo tendo sido multada três vezes nos últimos dois anos, ela garante que não mudou de ideia.

“Não vejo o retorno desse dinheiro na melhoria do trânsito. Além do mais, esse gasto diário com o rotativo é maior do que a soma das multas”, avalia. 

Fiscalização

Para especialistas em transporte e trânsito, a fiscalização insuficiente é o grande motivo para que ainda haja tantas pessoas usando as vagas de rotativos de forma irregular. 

O engenheiro civil e mestre na área de transportes Silvestre de Andrade Puty Filho explica que há inúmeras formas de se desrespeitar o estacionamento rotativo. 

A mais comum, destaca, é quando motoristas apenas trocam a folha quando o prazo para permanência na vaga está perto de vencer. Em muitos casos, acrescenta o engenheiro, os próprios flanelinhas fazem essa operação.

“Mesmo que não houvesse um aumento de vagas disponíveis, mas a fiscalização se tornasse mais rigorosa, o número de multas aumentaria dez vezes”, afirma Silvestre de Andrade.

Reflexos

A oferta de mais vagas físicas para estacionamento rotativo tem ligação com o aumento do número de autuações. Quem afirma é o assessor de comunicação do Batalhão de Trânsito da PM, tenente Marco Antônio Said.

Mas esse não é o único motivo. Said destaca que a frota de Belo Horizonte já passa de 1,7 milhão de veículos. Além disso, o militar afirma que ações de fiscalização têm sido feitas durante todos os dias da semana. 

“Mais carros disputando o mesmo espaço também contribui para esse crescimento. Sem falar no trabalho intenso de fiscalização da unidade integrada de trânsito formada pela polícia militar, guarda municipal e BHTrans”.

Por meio de nota, a BHTrans informou que todos os valores arrecadados com multas vão para o Fundo de Transporte Urbano (FTU). O dinheiro é usado “nas placas, pintura de solo, campanhas educativas, semáforos, obras, radares, tudo que tenha relação com trânsito”.

Questionado sobre quanto tem sido arrecadado com as multas referentes aos rotativos, o órgão não se posicionou até o fechamento dessa edição.

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