Em véspera de feriado prolongado, Estado pede isolamento diante do aumento de casos no interior

Anderson Rocha
arocha@hojeemdia.com.br
10/06/2020 às 14:11.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:44
 (Reprodução/ Facebook)

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Após decreto municipal permitir a reabertura, a partir desta quarta-feira (10), de pousadas e bares em Santana do Riacho, onde está localizada a Serra do Cipó, às vésperas de um feriado prolongado, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) pediu à população, em coletiva de imprensa nesta tarde, que reforce o respeito ao isolamento social e evite viagens no momento em que ocorre a interiorização da pandemia de Covid-19. A pasta também anunciou o credenciamento de mais de 300 leitos em Minas e recomendou que os cidadãos baixem o aplicativo Saúde Digital MG, para acesso à telemedicina pública.

De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, o feriado não pode ser um momento de flexibilizar e, portanto, correr riscos de explosão de casos em Minas. Segundo ele, no Dia das Mães foi registrado um aumento do trânsito de pessoas e, consequentemente, um reflexo no crescimento da curva de casos da doença no território mineiro. O problema é maior devido à interiorização da pandemia em Minas. A taxa de contágio pela enfermidade em Minas está em 1.27.

"Eu pediria a todos que lembrassem da importância do isolamento social. Que evitassem aglomeração, que evitassem viagens porque, nesse momento, em que nós temos uma epidemia em Minas Gerais, que já notamos algum grau de interiorização dessa epidemia, é importante haver a limitação das viagens. É um momento de aceleração, que falta um mês para as projeções do pico da curva, nós não podemos flexibilizar", informou Amaral.

Novos leitos

No sentido de ampliar a quantidade de leitos disponíveis para tratamento da Covid-19, o chefe da SES-MG informou que o Ministério da Saúde credenciou, nesta quarta-feira, mais de 300 leitos do Estado, após solicitação do Governo de Minas. A ação permitirá o aumento imediato no número de leitos efetivos aos prestadores que aguardavam pela liberação.

Segundo o governo, a ampliação de vagas de terapia intensiva é ação contínua da gestão. A reportagem entrou em contato com a SES-MG para conhecer a distribuição das vagas pelo Estado e aguarda um retorno.

Saúde Digital MG

O gestor relembrou, nesta quarta-feira, a importância da utilização do aplicativo para celulares Saúde Digital MG (disponível apenas para sistemas Android; baixe aqui) como forma de complemento ao atendimento de saúde pública. Segundo ele, o app de telemedicina permite que o cidadão faça uma avaliação, por meio de inteligência artificial, dos sintomas existentes e posterior agendamento com profissionais de saúde. Reprodução/ Saúde Digital MG

App permite atendimento via telemedicina

"Baseado nessa avaliação, o próprio aplicativo permite o agendamento com médicos, com enfermeiros e com psicólogos. Então, nós estamos estimulando fortemente que as pessoas fiquem atentas para esse aplicativo e que usem-no para monitorar seus sintomas e o risco que tem de ter a Covid-19", declarou.

Conforme a Agência Minas, o app tem navegação intuitiva e permite que cada cidadão faça o seu registro e também cadastre seus familiares. A triagem médica é feita por meio de uma ferramenta que utiliza inteligência artificial: o usuário responde questões relacionadas ao atual estado de saúde para ter uma orientação sobre o nível de criticidade.

Nesse momento, receberá "orientações para fazer o isolamento domiciliar, ser direcionado à teleconsulta, providenciar sua ida com urgência a um hospital ou posto de saúde, ou ainda, descartar a suspeita de contaminação", informou a pasta. Segundo a SES-MG, uma das principais vantagens do sistema é evitar os riscos de contaminação durante a espera em consultórios e hospitais.Divulgação/ SES-MGhttps://play.google.com/store/apps/details?id=tt.melriskmed.tt&hl=pt_BR

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Taxa de contágio

A taxa R (ou R0 ou RT), que representa o potencial de propagação do vírus, ou seja, quanto uma pessoa, em média, pode contaminar outras, está em 1.27 em Minas, informou nesta quarta-feira a SES-MG. O dado é da última quinta-feira (4), mas, segundo a pasta, ainda é válido. O índice é apenas um dos que são utilizados pelo Governo de Minas para acompanhar a evolução de casos no Estado.

O chefe da SES-MG explicou, no início do mês, o que representa a taxa R no combate à Covid-19: "se você tem uma pessoa que propaga para uma outra pessoa, nós mantemos o nível de transmissão, talvez como se fosse um 'banho-maria'. Já se nós temos uma pessoa que transmite para menos de uma pessoa, nós entendemos que essa epidemia está em fase de remissão, ela está 'desaquecendo'. Já, por outro lado, se uma pessoa transmite para mais de uma pessoa, nós entendemos que há uma tendência de crescimento", explicou o gestor", disse.

Para tentar um controle maior do RT, Amaral informou que a SES-MG tem feito reuniões com todas as macrrogiões de saúde, na busca com prefeitos e secretários municipais de saúde de um reforço no isolamento social.

Testagem em comunidades indígenas

 Durante coletiva, a SES-MG apresentou dados sobre a testagem em comunidades indígenas no Estado. Segundo Carlos Eduardo Amaral, houve o registro, até o momento, de 32 casos suspeitos para a doença nessas localidades em Minas e no Espírito Santo (os distritos são divididos estrategicamente por critérios territoriais, tendo como base a ocupação geográfica das comunidades indígenas, e não obedece aos limites dos estados). No entanto, todos se mostraram negativos. Onze pessoas foram testadas no Estado mineiro.

"De acordo com os resultados laboratoriais disponibilizados no Sistema GAL (Gerenciamento de Ambiente Laboratorial), 11 pacientes indígenas já foram testados em Minas e todos com resultados negativos. Portanto, quando se refere ao número de 32 casos suspeitos em populações indígenas, esse quatitativo está relacionado ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) como um todo, abrangendo, no caso, as populações que estão no território no estado do Espírito Santo", informou a pasta, em nota (leia na íntegra, no fim desta reportagem).

"Uma das ações que nós tivemos com o objetivo de ampliar a testagem foi ampliar essa testagem para comunidades indígenas, buscando que nós tivéssemos um espectro maior e uma atenção maior com essas comunidades, que nós sabemos que são mais suscetíveis às viroses", explicou Amaral.

Nota sobre testagem em indígenas

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) é a unidade gestora descentralizada, de responsabilidade sanitária federal. Os DSEIs são divididos estrategicamente por critérios territoriais, tendo como base a ocupação geográfica das comunidades indígenas. O DSEI não obedece aos limites dos estados, uma vez que as terras indígenas seguem os limites conforme as demarcações pelo Governo Federal. Portanto, esses dados contemplam municípios dos dois estados.

De acordo com os resultados laboratoriais disponibilizados no Sistema GAL (Gerenciamento de Ambiente Laboratorial), 11 pacientes indígenas já foram testados em Minas e todos com resultados negativos. Portanto, quando se refere ao número de 32 casos suspeitos em populações indígenas, esse quatitativo está relacionado ao DSEI como um todo, abrangendo, no caso, as populações que estão no território no estado do Espírito Santos.

Salientamos, no entanto, que este quantitativo pode ser inferior ao real, uma vez que os municípios, responsáveis pelo preenchimento dos dados no sistema de notificação, deixam de informar os dados referentes a raça/cor para a maior parte dos pacientes.

Para reforçar a importância desses dados, a SES-MG publicou uma Nota Técnica com objetivo de sensibilizar e orientar os gestores municipais sobre a importância do preenchimento das características de raça, cor e etnia nas fichas de notificação da COVID-19. Em relação a Minas Gerais, não temos no momento nenhum caso confirmado nas aldeias de Minas.

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