Lanche, cerveja e uso compartilhado de bebedouro: moradores ignoram riscos da Covid em praças de BH

Renata Evangelista
rsouza@hojemdia.com.br
08/07/2020 às 12:52.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:58

Atividade física ao ar livre, piquenique, encontro com os amigos e passeio com as crianças. O isolamento social, repetido invariavelmente por médicos devido à pandemia de Covid-19, não tem sido respeitado em Belo Horizonte. Cenas que podem colocar em risco a saúde de quem fura a quarentena foram flagradas nesta quarta-feira (8) em praças da região Leste da capital.

Até o compartilhamento de bebedouro, atitude amplamente reprovada por especialistas, ocorreu na Praça Floriano Peixoto, no bairro Santa Efigênia. Além de lá, a reportagem esteve na Praça Duque de Caixas, no boêmio bairro de Santa Tereza. 

Nesta semana, o Hoje em Dia tem percorrido espaços públicos da metrópole para mostrar atos de desobediência por parte da população. Na segunda-feira (6), aglomerações foram registradas em uma via do bairro Mangabeiras. E, na terça (7), a pista de caminhada do José Cândido da Silveira, no Cidade Nova, chamou a atenção devido à utilização desenfreada de aparelhos de academia ao ar livre.

Nesta quarta, na Praça Duque de Caxias, mulheres bebiam cerveja tranquilamente sem a utilização de máscara de proteção. Havia também quem foi ao local para brincar com crianças. Até bolinha de sabão foi feita para divertir meninos e meninas.

Já na Floriano Peixoto, a movimentação para a prática de exercício físico foi grande. Além de correr e caminhar, alguns utilizaram os aparelhos da academia instalados pela prefeitura. Lá, sentado em um dos bancos lendo jornal, um homem sequer usava máscara. A falta do equipamento de proteção, no entanto, foi percebida em várias pessoas.

Foi na praça que um bebedouro era compartilhado pela população. Apesar de o equipamento ter um botão que precisa ser acionado com pé, não foi difícil flagrar pessoas encostando as mãos e até a boca na torneira para matar a sede.

Virologista da UFMG, Flávio da Fonseca alerta que nada disso deveria ocorrer, uma vez que a metrópole enfrenta o pior momento da pandemia, com mais de 90% dos leitos de UTI ocupados. "Não é hora de ir para a praça. O controle desses números só depende de nós. Então, o momento é de apertar o freio", disse.

O especialista explicou que o compartilhamento de objetos, como o bebedouro, é extremamente arriscado. "É fonte de contaminação. A pessoa pode encostar a boca no equipamento, por exemplo, e transmitir o vírus. Neste caso, cada um tem que carregar a própria água potável", reforça.

Além disso, ele também recomenda que os aparelhos para atividade física não sejam revezados. "A gotícula respiratória é a principal fonte de contaminação. A pessoa pode tossir e espirar e, se alguém encostar a mão, será contaminado", lembra.

Fadiga

O virologista reconhece que a população está exausta e esgotada da quarentena, o que prejudica o fator psicológico e contribui para pequenas escapadas. Porém, reforça que é preciso sacrifício. "Tentar buscar outras alternativas que não coloquem em risco. Passear de carro com a janela fechada, para quem tem condição, é uma saída", ensinou.

Segurança

A prefeitura e a Guarda Municipal reiteraram, em nota, que têm feito um intenso trabalho de abordagem visando a conscientização das pessoas para combater a disseminação do coronavírus em todos os espaços públicos.  "Todos os mais de 2 mil guardas civis seguem fazendo patrulha espontânea pela capital ou com base em denúncias que chegam pelos canais disponibilizados pela PBH", informou.

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