Médica pró-ciência recusa convite para assumir Ministério da Saúde e diz ter sofrido ameaça de morte

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
15/03/2021 às 14:53.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:25
 (Reprodução/ CNN Brasil)

(Reprodução/ CNN Brasil)

A cardiologista Ludhmila Hajjar declarou, nesta segunda-feira (15), que recusou o convite para assumir o Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro (sem partido). A médica também disse que sofreu ataques e ameaças de morte após ser cotada para ocupar o cargo.

Contrária à cloroquina e à ivermectina para o chamado 'tratamento precoce' da Covid-19, medida sem embasamento científico comprovado, Hajjar é defensora do isolamento social, da vacinação em massa da população e do uso do lockdown em casos específicos - questões que batem de frente com a postura do atual presidente da República.

"Fiquei muito honrada pelo convite do presidente [Jair] Bolsonaro, tivemos dois dias de conversas, mas infelizmente acho que esse não é o momento para que eu assuma a pasta do Ministério da Saúde por alguns motivos, principalmente por motivos técnicos", afirmou, em entrevista à CNN Brasil nesta segunda.

Pró-ciência
  
A médica afirmou à emissora de TV que se considera uma cientista e, portanto, que mantém expectativas de combate à pandemia que sejam pautadas na ciência. Hajjar contou que se reuniu presencialmente com Bolsonaro e com o atual ministro da Saúde, o general do Exército Eduardo Pazuello, nesse domingo.

Segundo ela, o país necessita pautar-se em evidências científicas para combater o coronavírus e precisa "atender melhor às pessoas com diagnóstico precoce", além de ter um programa de vacinação em massa e melhoria de discurso "para que as pessoas, realmente, entendam e não subestimem a doença".

Por fim, Ludhmila Hajjar falou sobre o lockdown. "Claro que um país continental como o Brasil, com mais de 200 milhões de pessoas, não tem que decretar um lockdown nacional (...) Tem que ser pautada em decisões técnicas", defendeu.

Ameaças

Ainda à CNN, a cardiologista declarou que sofreu ataques e ameaças de morte depois que foi convidada para assumir o Ministério da Saúde.

"Recebi ataques, ameaças de morte que duraram a noite, tentativas de invasão em hotel que eu estava, fui agredida, [enviaram] áudio e vídeo falsos, mas estou firme aqui e vou voltar para São Paulo para continuar minha missão, que é ser médica", disse.

Hajjar também afirmou que continuará atendendo "pessoas de esquerda e de direita".

"Isso, talvez, para algumas pessoas muito radicais – e que estão defendendo o discurso da polarização – é algo que me diminui. Pelo contrário. Se eu fizesse isso, não seria médica, não estaria exercendo a profissão, negaria o juramento que fiz no dia que me formei na universidade de Brasília", declarou.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por