Motorista por aplicativo, que teria praticado racismo, é bloqueada pela empresa

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
30/12/2019 às 14:40.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:08
 (Google Street View/Reprodução)

(Google Street View/Reprodução)

Uma motorista por aplicativo, que teria praticado crime de racismo contra um pai e uma filha, na tarde do último sábado (28), foi bloqueada pela empresa 99.

À Polícia Militar, foi relatado por uma jovem de 18 anos, que a mulher chegou para a corrida no bairro Esplanada, na região Leste de Belo Horizonte, e levaria a suposta vítima e o pai ao Ana Lúcia, bairro vizinho.

De acordo com o boletim de ocorrência, a motorista teria feito "cara de nojo" ao ver a usuária do serviço e o pai. Quando o homem encostou na porta do carro para abri-la, a condutora teria dito: “o senhor eu não levo”. Depois, teria arrancado com o veículo.

O caso foi levado para a 4ª Delegacia Seccional Sul e a Polícia Civil irá instaurar um inquérito para apurar o caso. As pessoas envolvidas devem ser ouvidas nos próximos dias, conforme a instituição. 

A denúncia foi registrada por policiais militares como injúria racial, mas o delegado responsável pelo caso poderá mudar a tipificação do crime após as apurações. O caso também pode ser considerado crime de racismo, que tem pena maior do que a injúria racial.  

Diferença

Conforme o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB Minas, Gilberto Silva, o crime de racismo pode ser configurado quando há um conteúdo de proibição, ou seja, quando alguém é impedido de entrar em um local ou receber um serviço por causa de sua cor, etnia ou religião. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, e a pena é de três a cinco anos de reclusão.

Somente neste mês, quatro casos de injúria racial foram recebidos pela polícia na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O último deles aconteceu na sexta-feira (27), no Centro da capital mineira, quando um homem foi preso depois de chamar um cozinheiro de "macaco".

Veja, na íntegra, nota emitida pela 99:

"A 99 informa que recebeu a grave denúncia e bloqueou imediatamente a motorista parceira da plataforma, bem como mobilizou uma equipe que está em contato com a vítima para oferecer todo o suporte e acolhimento necessários. A empresa lamenta profundamente a situação e está disponível para colaborar com a investigação da polícia.

A empresa repudia veementemente qualquer tipo de discriminação e comportamentos que vão contra os Termos de Uso da Plataforma, medidas corretivas podem e são adotadas pela empresa.

Passageiros e motoristas que tenham sofrido qualquer forma de discriminação devem reportar imediatamente para a empresa, por meio de seu app, ou no telefone 0800-888-8999, para que o acolhimento e suporte necessários sejam oferecidos, além das medidas corretivas e colaboração com a investigação da polícia. Trabalhamos 24 horas por dia, 7 dias por semana, para cuidar exclusivamente da proteção dos usuários, sejam eles motoristas ou passageiros.

A 99 oferece aos motoristas parceiros uma plataforma de conscientização, com um pacote gratuito de cursos online e presencial sobre racismo, homofobia e outras formas de preconceito".

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