Número de profissionais do SUS com Covid-19 mais que dobra em três semanas em Belo Horizonte

Renata Galdino e Renata Evangelista
horizontes@hojeemdia.com.br
28/07/2020 às 08:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:08
Originária de projeto de lei de iniciativa parlamentar, norma visa dar mais transparência à prestação do serviço (PBH/divulgação)

Originária de projeto de lei de iniciativa parlamentar, norma visa dar mais transparência à prestação do serviço (PBH/divulgação)

O novo coronavírus já contaminou 299 profissionais da saúde da rede pública da capital. O número é quase 125% maior que o registrado há três semanas: até 3 de julho, 133 pessoas tinham testado positivo para a doença. No domingo, a metrópole registrou a primeira morte de trabalhador do SUS-BH em decorrência de Covid-19. Foi um técnico de enfermagem que atuava na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Barreiro. 

O óbito levou representantes das categorias a organizarem, para hoje, um protesto no local. Melhoria na estrutura para atendimento aos pacientes e o pleno funcionamento do Hospital de Campanha, instalado no Expominas, Oeste da cidade, são reivindicações.

Presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos (Sindibel), Israel Arimar acredita que a falta de estrutura dos postos de saúde e das UPAs pode justificar o alto índice de contaminação. Vale lembrar que, dos trabalhadores infectados, 269 estão lotados nesses locais, além do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), conforme dados divulgados pela prefeitura.

“O espaço é inadequado. As estruturas dos postos e UPAs não foram feitas para atender a agressividade de um vírus como este. UPA não é hospital e não tem papel de funcionar como um, principalmente diante de uma pandemia”, ponderou.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que, até o momento, há vagas disponíveis em leitos de enfermaria e de UTI para Covid-19 em todo o território. Dessa forma, o Hospital de Campanha funciona como uma reserva técnica, com conceito de “porta fechada”, ou seja, será usado só se houver necessidade

Profissionais da enfermagem são os mais afetados. “Eles ficam com o paciente 24 horas. Os outros membros da equipe fazem visitas, não ficam tanto tempo”, destaca Débora Cristine Gomes Pinto, coordenadora do curso de Enfermagem das Faculdades Kennedy.

Sobrecarga

Com o afastamento dos trabalhadores doentes, que pode durar pelo menos 14 dias, mais problemas. Segundo a presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MG), Carla Prado, quem fica acaba sobrecarregado. “Cansados, eles correm maior risco de erro e de serem contaminados. É um efeito cascata”.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) confirmou que, desde 3 de julho, 487 servidores tiveram a jornada de trabalho estendida temporariamente. Para repor os afastamentos, houve 474 contratações.

A PBH garante que a rede tem infraestrutura para atender à demanda. Conforme a nota, profissionais foram capacitados para os casos de Covid e para o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). 

A SMSA lamentou a morte do técnico de enfermagem e disse que a UPA Barreiro continua funcionamento normalmente, seguindo as orientações técnicas de combate ao novo coronavírus. Recentemente, segundo a pasta, a edifica-ção foi reformada.

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