Polícia quer suspensão temporária de clínica onde cabeleireira fez lipoescultura antes de morrer

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
16/09/2020 às 15:18.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:33
 (Instagram/Reprodução)

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) irá pedir à Justiça a suspensão temporária das atividades da clínica onde foram realizadas as cirurgias estéticas em Edisa Soloni, que morreu no sábado (12). A jovem passou mal na sexta-feira (11) logo após passar por uma lipoescultura e um enxerto nos glúteos e foi levada ao hospital, mas acabou morrendo em decorrência de uma embolia pulmonar.

A decisão de pedir a suspensão aconteceu depois de nova diligência realizada na clínica, desta vez na manhã desta quarta-feira (16). Segundo a polícia, investigadores e um médico perito da PCMG, com especialização em cirurgia plástica, verificaram toda a estrutura da clínica e os equipamentos utilizados nos procedimento. 

Durante os trabalhos, o responsável pela intervenção cirúrgica e o anestesista foram ouvidos. A polícia também decidiu solicitar a exumação do corpo da jovem.

Por meio de nota, a clínica afirmou que desconhece qualquer pedido de fechamento e que não consta qualquer processo com esse teor na Justiça mineira. Diz ainda que, dias antes, a Vigilância Sanitária esteve nas dependências e manteve o alvará de funcionamento sem qualquer ressalva (veja nota abaixo). Sobre o atendimento à paciente, a empresa disse que, diante das complicações inesperadas, todas as medidas necessárias foram realizadas em tempo hábil, transferindo a jovem consciente e alerta para o Hospital Felício Rocho.

Entenda o caso

A cabeleireira Edisa Soloni, de 20 anos, passou pelos procedimentos de lipoescultura e enxerto de silicone nos glúteos, na sexta-feira (11), numa clínica de cirurgia plástica no bairro São Pedro, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Ela teria passado mal dentro da clínica, pouco tempo depois do procedimento. De acordo com a família, não havia médico no local no momento e uma enfermeira acionou uma ambulância, que levou a jovem para um hospital particular, onde ela morreu no dia seguinte. A causa da morte foi registrada como embolia pulmonar.

A Polícia Civil esteve presente no estabelecimento nesta terça-feira (15) para recolher documentos e o prontuário médico da paciente. A instituição também confirmou que o médico responsável pela intervenção cirúrgica em Edisa já era investigado por outra morte de paciente ocorrida em 2011.

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou que a clínica possui Alvará de Autorização Sanitária para realização de cirurgias plásticas e atende os requisitos legais da legislação. O documento é válido até agosto de 2021. 

Procurado pela reportagem, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informou que tomou conhecimento por meio da imprensa de óbito de paciente ocorrido após cirurgia, e que iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos. "Todas as denúncias recebidas são apuradas de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP), tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório", afirmou o conselho. 

Veja a nota da clínica, na íntegra:

"A clínica esclarece que recebeu, voluntariamente, o delegado de polícia, acompanhado de perito, em 15/09, para vistoria de suas dependências, mesmo sem a apresentação de um mandado judicial ou ordem de serviço. 

Isso porque a clíncia sabe da qualidade de sua infraestrutura, que conta com um avançado centro cirúrgico, com capacidade de suporte pré e pós operatórios, além de todas as instalações necessárias à realização dos procedimentos estéticos.  

Acerca do suposto fechamento da clínica, a direção informa desconhecer qualquer informação para essa tomada de decisão. Inclusive, reforça que nenhum processo relacionado a isso pode ser localizado nos sistemas de consulta do Judiciário Mineiro.

Destacamos, ainda, que o local não foi, sequer, vistoriado pela Prefeitura de Belo Horizonte após o caso. E que há menos de 30 dias, a Vigilância Sanitária esteve nas dependências e manteve o alvará de funcionamento sem qualquer ressalva".

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