
A cada dois dias, uma pessoa é vítima de acidente com patinete elétrica na capital. A discussão sobre o risco do equipamento volta à tona após um homem morrer no centro da cidade, no último sábado. Sem regulamentação, o uso do veículo compartilhado, febre na cidade, esbarra em uma série de desafios, principalmente a ausência de dispositivos de segurança.
Nesta segunda-feira (9), após a fatalidade do fim de semana, a BHTrans exigiu das empresas que oferecem o serviço a contratação de um seguro para os usuários e a redução da velocidade nas primeiras viagens de novatos.
As ações visam a reduzir as ocorrências. Só no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII foram atendidos cerca de cem feridos desde que a alternativa de transporte chegou ao município – 15 de janeiro deste ano – até agosto. Traumatismo craniano e fraturas expostas são alguns dos casos.
“São comuns escoriações e lesões nos braços e pernas. Porém, se ferir a coluna ou a cabeça gravemente, as consequências podem até levar a óbito”, destaca o cirurgião geral da unidade de saúde, Bruno Vergara.
O médico acredita que a utilização de equipamentos de segurança poderia ter evitado a morte do fim de semana. “Ou diminuído a chance de ferimento”, diz.
100 pessoas foram atendidas no HPS, de janeiro a agosto, por conta de acidente envolvendo patinetes
Regras necessárias
A aposta para barrar os perigos é uma regulamentação urgente, defendem especialistas. Urbanista e professor da Escola de Arquitetura da UFMG, Roberto Andrés afirma que todos os meios de transporte com impacto coletivo precisam ter regras determinando, por exemplo, a velocidade máxima permitida e os locais adequados para uso.
“Quando a patinete vai muito rápido na calçada há o risco de trombar com o pedestre. Mas, no trânsito, o usuário já está se expondo a perigos ainda maiores”, frisa o docente, afirmando que outra solução é ter mais ciclovias na cidade.
Pesquisa publicada na revista científica Jama Network Open indica que 40% das lesões ocorridas em acidentes com patinetes atingem a cabeça. O levantamento foi feito com base em 249 pacientes atendidos na Califórnia (EUA) no período de um ano
As regras de circulação do modal estão sendo elaboradas por um grupo criado pela BHTrans, ainda sem data para encerrar os trabalhos. Em nota, a autarquia esclareceu que a utilização dos equipamentos elétricos é embasada em resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Em julho, o prefeito Alexandre Kalil vetou projeto de lei que previa a regulamentação do serviço de compartilhamento de bicicletas, patins, patinetes e skates em BH. Segundo ele, pela Constituição, cabe ao município, por meio do órgão de trânsito da cidade, disciplinar esse tipo de transporte. Autor da proposta, o vereador Gabriel Azevedo afirma ser emergencial a regulamentação das patinetes na capital. O parlamentar ressalta que a administração municipal precisa investir nos transportes alternativos
Fiscalização
Enquanto as normas não saem do papel, a fiscalização também não pode ocorrer, explica o tenente Marco Antônio Said, do Batalhão de Trânsito (BPTran) da PM. “A regulamentação tem que ocorrer o mais breve possível”, diz.
Com José Vítor Camilo
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