
Um estudo a ser iniciado na próxima semana vai avaliar a reativação de alguns setores econômicos em Minas Gerais. A informação foi dada pelo governador Romeu Zema, durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (27), em que ele justificou a intenção em decorrência do "custo social enorme" decorrente do "isolamento e suspensão de vários ramos do comércio".
Segundo o gestor, o novo coronavírus se espalhou de forma desigual pelo território e as medidas a serem analisadas levarão em conta os índices de novos infectados pela Covid-19. "Não estamos determinando a reabertura de nada. Será estudado. Será algo no condicional, não é uma via de caminho único. Estamos otimistas, sim, (sobre) ser possível liberar algumas atividades em algumas regiões do Estado", disse.
Romeu Zema pondera não ser justo todas as cidades receberem o mesmo tratamento. "É como se tivermos pessoas com 42 graus de febre, outras com 40 e outras com 38. Estamos dando a mesma dosagem de medicamento para todos. Portanto, a dosagem pode mudar".
O governador também anunciou que está pedindo aos sindicatos patronais e de empregados que negociem a forma como o trabalho será feito, de forma a garantir a segurança do funcionário nas atividades que poderão ser reativadas. "Estaríamos saindo de uma situação de isolamento para de distanciamento. Vamos exigir que o comércio veja ações para manter o cliente longe de quem o está atendendo".
As medidas, ainda conforme Romeu Zema, serão debatidas com os prefeitos mineiros e alinhadas com a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Municípios discutem retorno
Em Minas, apesar do decreto estadual, uma cidade já decidiu permitir a reabertura de alguns setores de serviços, como o comércio, e outra está discutindo se liberará a volta do funcionamento. No Vale do Rio Doce, a Prefeitura de Coronel Fabriciano decretou, nessa quinta-feira (26), que empresas que estavam com atividades interrompidas como medida de controle ao coronavírus reabram, se quiserem.
Para que isso ocorra, porém, o prefeito Marcos Vinícius da Silva Bizarro (PSDB) determinou que os estabelecimentos adotem medidas de prevenção à propagação da Covid-19, como o funcionamento restrito a metade da sua capacidade de lotação por horário.
Com o documento, podem reabrir as portas empresas do comércio, de prestação de serviço, de construção, além de indústrias, bares, restaurantes e estabelecimentos congêneres, academias e estabelecimentos de atividades religiosas. A reabertura passou a valer nessa quinta na cidade, localizada a 197 quilômetros da capital.
Já em Varginha, no Sul de Minas, a prefeitura discute nesta sexta-feira (27), a possibilidade de reabertura do comércio na cidade, solicitada nessa quinta por entidades locais do setor. Em caso de aprovação, os lojistas poderão reabrir as portas a partir de segunda-feira (30), desde que cumpram medidas de prevenção à propagação da Covid-19.
Em Varginha, as lojas estão fechadas desde segunda-feira (23), quando foi publicado um decreto municipal para a suspensão das atividades. De acordo com a prefeitura, ainda não há definição sobre o pedido de reabertura, que foi recebido na noite dessa quinta-feira. Em conformidade ao decreto, o comércio só poderá reabrir caso haja uma liberação da administração municipal.
Caso ocorra a reabertura, assim como em Fabriciano, os lojistas deverão cumprir uma série de medidas para a prevenção ao coronavírus. Dentre elas, estão o horário reduzido de funcionamento, a limitação da quantidade de pessoas dentro de cada loja e a disponibilização de álcool em gel ou local para lavação de mãos para clientes e colaboradores, além de outras.
Reação na oposição
Logo após o pronunciamento do governador, o líder do bloco de oposição ao governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado estadual André Quintão (PT), se posicionou de forma contrária à possibilidade de flexibilização das atividades e serviços no Estado, interrompidos como forma de frear a proliferação do coronavírus. Quintão disse que vê com preocupação o caso. Segundo ele, esse é um momento em que a pandemia se expande e os casos aumentam no mundo e o Brasil e Minas não podem correr esse risco.
"O princípio da precaução e da prevenção deve ser adotado. Essa deve ser a prioridade nesse momento. Infelizmente, falas como a do presidente Bolsonaro ou mesmo iniciativas de flexibilização acabam por confundir a população e aumentar, muitas vezes, o contágio. Portanto, somos contrários a fazer esse debate, nesse momento", declarou.