Zema revela preocupação com colapso na saúde: 'Nosso grande temor é que falte atendimento médico'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
17/06/2020 às 17:24.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:47
 (Reprodução/ Facebook)

(Reprodução/ Facebook)

O governador Romeu Zema disse nesta quarta-feira (17) que acredita que Minas está, por enquanto, "navegando em situação de segurança", sem qualquer imprudência, apesar do avanço da pandemia de coronavírus no Estado, com novo recorde de óbitos em 24 horas, 35 no total, e metade das regiões com lotação de leitos de UTI acima de 90%. Porém, o governador disse estar atento, podendo tomar novas medidas de restrição, caso seja necessário, e revelou estar preocupado com um possível colapso no sistema de saúde estadual.

"Nós estamos aqui acompanhando. O nosso grande temor é que falte atendimento médico. Estamos tomando todas as medidas para que não haja. As perdas de vida que aconteceram até o momento escaparam a qualquer recurso médico. Não foi por falta de leito", disse em entrevista ao jornalista Josias de Souza, do site UOL. 

Exatamente devido a esta preocupação, o chefe do executivo estadual disse que o Estado monitora de perto a situação em cada regional sanitária e, se necessário, vai tomar novas medidas de restrição. "Caso a gente veja que o sistema de saúde não esteja sendo suficiente, em 15 ou 20 dias podemos fazer alguns retrocessos antes que se atinja o limite", observou o governador. Ele acredita que o pior momento da pandemia deverá ser registrado em meados de julho.

Indagado sobre os 537 óbitos registrados no Estado, Zema lamentou, mas destacou que Minas está com a situação mais controlada em relação a demais estados. "É um número muito acima do que gostaríamos, pois o ideal é que não tivesse nenhum óbito, mas dentro do contexto brasileiro nós temos o segundo o melhor desempenho em relação a óbitos por 100 mil habitantes, atrás apenas do Mato Grosso do Sul".

Zema também não concorda que houve precipitação na reabertura do comércio no Estado. "Abrimos de forma gradual e segura. A reabertura se deu há 40, 45 dias  e tem sido monitorada com uma lupa. Nós temos analisado cada região individualmente. Algumas estão numa situação mais segura, outras não. Não é um caminho único: há avanços e também retrocessos".

Para Zema, foi fundamental que o Estado tenha adotado o isolamento de forma antecipada, comparando o enfrentamento à Covid-19 com o controle de incêndio numa floresta. "Se você atua rapidamente, tem domínio daquele incêndio e passa a controlá-lo. Do contrário, surgem vários focos e fica mais difícil manter o controle".

Pandemia sem coordenação federal

O chefe do executivo estadual avalia que não houve coordenação por parte do governo federal para um combate mais eficiente à pandemia. "Uma coordenação nacional teria ajudado e muito o Brasil a lidar melhor com a situação. Tudo ficou pulverizado, sujeito a diferentes interpretações e procedimentos", ponderou lembrando ainda das falhas de gestão federal sobre o Ministério da Saúde. "Neste momento, você deve manter a equipe que já estava à frente dos processos. A não ser se fosse algum despreparado, o que não era o caso do ministro (Luiz Henrique) Mandetta, que conduziu bem e teve boa aprovação popular. No momento da tempestade, a tripulação do navio tem que ter apoio".

Sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro, Zema afirma que, "apesar de ser bem-intencionado, ele mostra falta de habilidade para algumas práticas de gestão que são fundamentais em qualquer processo". Para o governador, é preciso "ter maior abertura ao diálogo e não se colocar na posição de que o que acredita é melhor".

Rombo na economia

Zema também deu números à queda de arrecadação no Estado: cerca de R$ 1 bilhão por mês. "Mesmo com a ajuda do governo federal, que vai totalizar cerca de R$ 3 bilhões durante quatro meses, estaremos longe de suprir esta perda, que será da ordem de R$ 7 a R$ 8 bilhões", explica Zema.

O governador adianta que enviará, nesta sexta-feira (19), para a Assembleia Legislativa, o projeto de reforma previdenciária do Estado.

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