Inverno exige cuidados com cães e gatos, que devem ser aquecidos e ter imunidade reforçada

Patrícia Santos Dumont
04/07/2019 às 14:44.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:23
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

As baixas temperaturas são um desafio e tanto para tutores de pets. Doenças respiratórias, enfermidades transmitidas por vírus, inflamações na pele e desconforto térmico são alguns dos reveses a que cães e gatos estão sujeitos, principalmente no inverno. Evitar problemas graves passa por condutas adequadas quanto à higiene, vacinação e até reforço na ingestão de água. 

Uma das principais recomendações para quem tem um mascote em casa é ficar de olho no comportamento dele. “Se estiver procurando um cantinho para se esconder ou se enrolando todo ao deitar, é sinal de que está com frio”, alerta a veterinária Ana Liz Bastos, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG). 

Segundo a profissional, o manejo adequado é, nesses casos, a melhor resposta do dono para garantir uma boa adaptação do animal ao ambiente naturalmente mais frio. 

A advogada Gláucia Fernandino de Castro, por exemplo, não descuida de Skye, maltês de 2 anos e 8 meses. Embora tenha pelo longo, a pet fica mais sensível nessa época. “Como é muito fino (o pelo), não gosto de colocar roupa nela. Mas deixo os banhos mais espaçados, suspendo as tosas e reforço o acolchoado da caminha com um cobertor fofinho, desses de neném”, descreve, detalhando a rotina que muda com a chegada do inverno.

Cobertor extra

Comportamento parecido tem a dona de Chiquinho, gato da raça sphynx, originária do Canadá e que não tem pelo. Para assegurar que o pet não sinta frio, a dona dele, Daniela Sousa, espalha cobertores pela casa, diminui a frequência dos banhos e reforça a higiene da pele. 

Especialista em clínica médica de felinos, a veterinária Priscila Malta Jácome ressalta que a limpeza deve ser, de fato, aumentada. “Por não terem cobertura de pele, que tem um aspecto aveludado, exigem um cuidado maior. As regiões de olhos e patas devem ser limpas com lenços umedecidos”, ensina a profissional. Riva Moreira

CUIDADO EXTRA - No inverno, as tosas de Skye, que ganha “cobertura” extra, são eliminadas: “como o pelo dela é muito fino, não coloco roupinha”, acrescenta a tutora, Gláucia

Sócio-diretor da Animed Hospital Veterinário, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Marcelo Dayrell explica que algumas raças de cães também são mais suscetíveis aos reflexos das baixas temperaturas. “O pelo é um excelente isolante térmico, assim como a gordura corporal. Dessa forma, animais com pelagem curta e mais magros, como pinscher, chihuahua, fox paulistinha e dachshund têm tendência a perder calor e, consequentemente, ficam mais sensíveis”, esclarece. Com eles, um cuidado maior é primordial, frisa o veterinário. 

Na hora do banho – dos gatos, inclusive – é preciso escolher um horário mais quente do dia, utilizar água morna e, principalmente, secador de cabelo para garantir umidade zero sobre a pele do animal. Escová-los (e isso inclui os felinos!) no mínimo quatro vezes por semana também reduz a queda de pelo reforçando, assim, o isolamento natural contra o frio.

A alimentação dos mascotes é um capítulo à parte. Assim como nós, humanos, cães e gatos tendem a comer mais nesse período. Para evitar ganho de peso, a recomendação da veterinária Fabrízia Portes Cury Lima, coordenadora do curso de medicina veterinária das Faculdades Kennedy, é distribuir a quantidade de alimento ao longo do dia. 

“Se o animal já for obeso não indico aumentar a quantidade de ração. Caso contrário, é permitido oferecer até 30% mais. Os gatos podem ter as refeições incrementadas com patês”, ensina.Arquivo PessoalMAIS VULNERÁVEIS - Gatos da raça Sphynx , que não tem pelo, merecem atenção especial; Chiquinho, de 11 meses, tem sempre um cobertor à disposição

Tempo seco favorece propagação de doenças virais

Época do ano em que as doenças transmitidas por vírus se propagam com mais facilidade, o inverno é tempo de reforçar a imunidade também dos mascotes de quatro de patas, principalmente quando o assunto são os problemas respiratórios. 

Muito comum, a gripe canina, por exemplo, ou tosse dos canis, como é chamada, é uma das doenças mais contagiosas. A enfermidade merece cuidado especial com a vacinação, que deve estar em dia, e com a convivência dos pets com outros animais. 

A dica é evitar que cães compartilhem comedouros e bebedouros, prevenindo o contágio. Ficar atento às secreções nasal e ocular e a espirros e tosses é outra forma de impedir um quadro mais grave. A doença pode levar à morte.

Veterinário da Animed Hospital Veterinário, Marcelo Dayrell explica que animais braquicefálicos, com focinho curto, ficam ainda mais sensíveis. “Shitzu, lhasa e pug, por exemplo”, cita.Arquivo Pessoal

SAÚDE EM DIA - Batatinha tem bronquite e precisa de nebulização diária: “quanto mais vezes fizer, melhor. Aproveito quando ele está dormindo”, ensina Mariana Portugal, que usa água e chá de sálvia

Vacina

Outro problema comum no frio e tempo seco é a cinomose, que acomete cães. Altamente contagiosa, a virose é transmitida pelo ar, por secreção de animais doentes e pelo contato com ambientes e objetos contaminados. Para evitá-la, existe vacina.

Farmacêutica e cuidadora de gatos, Mariana Portugal já sabe a receita para impedir que Batatinha, de 11 anos, adoeça no inverno. Ao longo do dia, faz nebulização no bichano, que tem bronquite. O procedimento é feito com água filtrada e chá de sálvia, que ajuda a fluidificar a secreção e alivia a tosse. “À noite, fecho todas as janelas para evitar corrente de ar”, acrescenta.

Reforçar a hidratação também faz parte das boas condutas, sobretudo com felinos, destaca a veterinária Ana Liz Bastos. A profissional explica que eles são mais propensos a doenças renais e que, por isso, devem ter boa oferta de água fresca, mas não gelada. 

Higiene

Embora banhos frequentes não sejam recomendados, não significa que se possa descuidar da higiene dos animais de estimação. Dermatites costumam se manifestar com frequência nesse período. Para evitar problemas, a recomendação dos veterinários é fazer a limpeza de pele e pelos com lenço umedecido, por exemplo.

“Se o tutor optar por usar roupinha no cão, já que alguns toleram bem, que lave a peça com frequência e a deixe secar no sol”, ensina Ana Liz. Roupas para gatos, por sua vez, devem ser feitas especificamente para eles. “A maioria, voltada para cães, não respeita fisiologia e biomecânica dos felinos, tornando-se desconfortáveis”, justifica Priscila Malta Jácome, especialista em clínica médica de felinos.

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