(Reprodução / Blog Saúde Governo Federal)
A alta de 10,89%, em média, no preço dos medicamentos já está valendo desde a última sexta-feira (1). Idosos, pessoas com doenças crônicas e de baixa renda são os que mais sofrem. Quem precisa tomar remédio sente o peso do reajuste.
Nós preparamos algumas dicas para otimizar o uso e evitar o desperdício.
Armazenamento e validade
Andresa Campos Peres é farmacêutica da rede de drogarias Pacheco. Ela explica que se a medicação não for armazenada de forma correta pode degradar, perder as propriedades farmacêuticas, a eficácia e a segurança de uso da medicação.
“Deve-se armazenar os remédios sempre em locais que não sejam úmidos,sem contato com calor e luz solar e principalmente longe do alcance de crianças e animais”, esclarece.
Ela ainda desaconselha o uso de caixinhas, dessas que são vendidas em drogarias, para guardar os remédios. E explica que, depois que a medicação é aberta, o prazo restante da data de validade reduz 25%. E há outros riscos: “A pessoa pode misturar a medicação”, afirma a farmacêutica.
(Pixabay)
Gizele Leal, farmacêutica coordenadora do Grupo de Trabalho de Resíduos e Meio Ambiente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), reforça que o mais indicado é deixar os medicamentos na embalagem primária, ou seja, em cartelas, cápsulas, tubos de pomadas e dentro dos frascos, garantindo a segurança do produto.
O que fazer com remédios vencidos ou que não são mais necessários após um tratamento?
Depois que são comprados em farmácias ou drogarias e levados para casa, o comprador passa a ser o responsável pelo uso correto - seguindo a prescrição médica - e pelo armazenamento do fármaco, conforme orientado nas bulas. Essa é a primeira etapa de um processo correto de descarte de medicação.
Jogar remédio no lixo comum de casa, em pias ou vasos sanitários não é uma boa opção. Especialistas afirmam que os produtos são levados para aterros sanitários e podem contaminar o solo, a água, liberando substâncias tóxicas que podem comprometer a saúde de pessoas e animais, além de contribuir para o desenvolvimento de bactérias multirresistentes.
Os fármacos que vão para a rede doméstica de esgoto, liberam substâncias químicas presentes em suas fórmulas que os sistemas de tratamento não são capazes de eliminar completamente.
PMMG/Divulgação/Arquivo
Descarte correto
Em BH todos os 152 centros de saúde podem receber medicamentos vencidos e que não serão utilizados de acordo com a orientação médica. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, todos os produtos recolhidos são enviados para incineração por uma empresa licenciada.
Farmácias, drogarias e representantes da indústria farmacêutica também são responsáveis por direcionar o descarte, conforme normas próprias de cada segmento.
O Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG) orienta que os medicamentos podem ser entregues em drogarias e farmácias ou em pontos de coleta licenciados. Depois de recolhidos, os produtos são incinerados ou depositados em aterros sanitários especiais para resíduos perigosos.
Pesquisa
Para saber a dimensão destas iniciativas, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-MG) resolveu investigar a coleta de medicamentos em 189 farmácias e drogarias de Minas.
E o resultado foi surpreendente: pelo menos 23 toneladas de medicamentos são descartados por mês no estado. E esse volume considera apenas os descartes feitos em pontos de coleta licenciados.
Os resultados revelam ainda que a média mensal estimada é de 2,6 Kg por estabelecimento. "Portanto, podemos extrapolar os dados para aproximadamente 23 mil kg de medicamentos a serem descartados”, comenta a coordenadora do CRF-MG, Gizele Leal, que é especialista em Gestão de Resíduos e Serviços de Saúde.
O levantamento mostrou que 45% dos estabelecimentos têm ponto de coleta para a população. Desse total, pouco mais de 45% dizem ter o serviço para cumprir a legislação e 40% o fazem de forma voluntária.
A pesquisa alerta ainda que 23% dos estabelecimentos pesquisados afirmaram que a demanda por parte da população é baixa, o que leva à hipótese de que a maioria das pessoas descarta medicamentos inadequadamente. Os pesquisadores concluíram, então, que é necessário ampliar a conscientização sobre a maneira correta de descarte desses materiais, tanto para profissionais do setor quanto para consumidores.
O CRF-MG, por exemplo, possui o programa Traga de Volta, que incentiva farmácias e drogarias de Minas a se cadastrarem como pontos de coleta desses produtos. “Nosso desafio é grande, mas juntos podemos proteger a saúde das pessoas e do meio ambiente'', conclui a especialista.
Solidariedade
Em Belo Horizonte, há projetos para aproveitar medicamentos e doar a quem necessita.
(Reprodução / Arquivo pessoal)
(Reprodução / Arquivo pessoal)
Johny Marcos de Almeida é proprietário da Droga G, no bairro São Geraldo, região Leste da capital. Ele é também coordenador do “Benção da saúde”, um projeto social que funciona como uma espécie de farmácia solidária, doando medicamentos a quem necessita.
O farmacêutico conta que, além das doações das pessoas, recebe muitas amostras grátis de representantes. Segundo ele, os medicamentos mais doados são para hipertensão, remédios controlados e para tratamento de doenças crônicas. Já os remédios mais procurados na farmácia solidária são anticoagulantes e medicação para tratamento de embolia pulmonar.
Para ser contemplado com a doação, o paciente deve apresentar a receita médica antes de levar o produto para casa.
(Divulgação / Santa Casa BH)
Na Santa Casa de BH, o maior hospital filantrópico de Minas, um programa de reaproveitamento de remédios existe desde a inauguração, em 1899.
Tanunes Dias é gerente de farmácia, abastecimento e distribuição do hospital e conta que o local também recebe doações de medicamentos de qualquer pessoa. Segundo ele, os remédios mais doados para a Santa Casa BH são para hipertensão e anticonvulsivos.
“Assim que são entregues, o departamento de farmácia faz uma análise criteriosa das embalagens, dos aspectos físicos e da forma como (os medicamentos) estão acondicionados, para avaliar se estão em condições de serem usados pelos pacientes”, explica.
Se atender aos critérios de avaliação, o medicamento é encaminhado para uma central de abastecimento, preparado para distribuição às unidades do Grupo Santa Casa, ou doado para outros hospitais, onde é comum esse trâmite. Se o produto não estiver adequado, é entregue a uma empresa terceirizada para fazer o descarte correto.
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