Pandemia

A cada quatro dias, uma criança morre por complicações da Covid em Minas

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
14/02/2022 às 07:30.
Atualizado em 14/02/2022 às 19:30
EM ALTA – Casos da Covid em crianças aumentaram 33% neste ano em Minas; só em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro foram 25,8 mil novos doentes (Rawpixel/Freepik)

EM ALTA – Casos da Covid em crianças aumentaram 33% neste ano em Minas; só em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro foram 25,8 mil novos doentes (Rawpixel/Freepik)

Uma criança de até 9 anos morre por complicações da Covid a cada quatro dias em Minas. A média em 2022 já é o dobro se comparada com os dois primeiros anos da pandemia, quando um óbito era registrado a cada oito dias. O aumento dos casos graves da doença coloca as autoridades de saúde em alerta pela baixa adesão à vacina em meio à volta às aulas. 

De março de 2020 a dezembro passado, foram 78 vítimas do coronavírus nesta faixa etária, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Neste ano, em 42 dias, já são 11 óbitos – cinco em janeiro e seis em fevereiro. Além dos números oficiais do boletim epidemiológico, uma menina de 3 anos, de Caratinga, no Vale do Rio Doce, morreu por conta da doença nesta semana, mas o dado ainda não consta no sistema estadual.

Conforme o levantamento da SES, o número de testes positivos para o vírus no público infantil cresceu 34% em 2022, com 26,5 mil casos da enfermidade nesse período. Ao todo, mais de 104 mil crianças foram infectadas no território mineiro.

A curva ascendente de contágio está diretamente relacionada à variante Ômicron e aos baixos índices de vacinação. Conforme o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, os mais acometidos pelo vírus, atualmente, são as pessoas não vacinadas.

“Estamos com uma adesão muito baixa e a Covid é uma doença prevenível com vacina. Temos uma ferramenta que evita a doença grave e a morte, independente da idade”, afirmou o médico.

Em BH, até a última quinta-feira, dos 177 mil meninos e meninas convocados para a primeira dose, 88 mil foram imunizados, número equivalente a 49% do público-alvo. Há duas semanas, a prefeitura determinou o adiamento do retorno às atividades presenciais de alunos de 5 a 11 anos por conta da baixa procura pela proteção. No entanto, uma liminar na Justiça derrubou a decisão e as escolas já podem receber os estudantes.

Em Minas, o percentual é ainda pior. Só uma a cada cinco crianças aptas a receber a dose compareceu aos locais de imunização.
Para o especialista, estudos apontavam que a adesão seria muito maior do que a atual, já que 80% das famílias tinham a intenção de vacinar os filhos. Entretanto, o temor dos pais e as notícias falsas desestimularam a busca pelo escudo. 

"Os pais têm muitas dúvidas, estão hesitando e, infelizmente, os recados que têm sido dados, mesmo pelos nossos governantes e profissionais da saúde, são de dúvida, de estimular a desconfiança na vacina”, avaliou.

Além disso, Juarez Cunha lembra que o imunizante protege não só as crianças, mas os pais, por isso a necessidade de aplicar a dose infantil. “O negacionismo vai ser responsável, provavelmente, por um maior número de crianças que vão adoecer e mortes”.

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