(Maurício Vieira / Hoje em Dia)
Corredor com o maior tráfego de veículos de Belo Horizonte e palco de tragédias que marcaram a memória dos mineiros, o Anel Rodoviário lidera as estatísticas de acidentes de trânsito na capital há cinco anos. De 2014 a 2018, mais de 4 mil ocorrências foram registradas na via, segundo levantamentos da BHTrans.
Na última segunda-feira, duas irmãs morreram após uma forte batida entre um ônibus e um automóvel que prestava serviço de transporte por aplicativo, na pista marginal da rodovia, no bairro Universitários, região Nordeste. As vítimas eram passageiras do carro de passeio e iam buscar o pai, que tinha recebido alta em um hospital.
No cruzamento onde ocorreu a fatalidade, a sinalização precária e a ausência de redutores de velocidade elevam os riscos. A todo momento é possível assistir a freadas bruscas e manobras perigosas.Maurício Vieira
Próximo ao acesso à avenida Antônio Carlos, veículo de carga trafega na pista da esquerda
Quem trabalha por lá, além de garantir que os acidentes são comuns, afirma que o trecho já foi palco de outras mortes. “Têm crianças passando todos os dias. É um ponto de travessia de pedestres. Minha filha já foi atropelada aqui na porta”, relata a comerciante Valéria Lúcia, de 52 anos, proprietária de um sacolão em frente.
“Toda semana tem alguma batida aqui. Se não colocarem uma faixa de pedestre e um semáforo, ou quebra-molas, o problema vai continuar. É um absurdo que as autoridades não façam nada”, protesta o borracheiro Vinícius Martins, de 28 anos, que também trabalha na região.
Problemas
Com um fluxo de nada menos que 160 mil veículos por dia, a falta de atenção dos condutores é o principal motivo para acidentes no Anel Rodoviário, apontam levantamentos da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Uma das suspeitas da corporação é que o condutor do veículo envolvido no acidente de segunda-feira tenha avançado a placa de “Pare” por distração.
“Pesquisas mostram que o comportamento das pessoas está presente em mais de 95% dos acidentes”, garante Agmar Bento, professor de Segurança Viária do Cefet-MG. “Muitos motoristas não estão acostumados a parar nas interseções, mesmo com a presença da sinalização. Eles também precisam entender que dirigir pela marginal não é a mesma coisa que andar na pista central, a velocidade tem que ser menor”, completa. Maurício Vieira
Placa de “Pare” orienta motoristas no trecho do acidente, mas quem trabalha na região cobra redutores de velocidade
Por nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que “está definindo em conjunto com os órgãos municipais quais medidas devem ser realizadas rapidamente para disciplinar o tráfego no cruzamento do Anel Rodoviário com a Rua Pedro Vicente”.
Tragédias registradas
O histórico de acidentes graves dá a dimensão do quanto a rodovia é perigosa para motoristas e pedestres. Em janeiro de 2011, uma carreta desgovernada atingiu 15 veículos na pista, no sentido Vitória. A tragédia matou cinco pessoas, dentre elas uma criança de apenas 2 anos.
Em julho de 2012, outra carreta perdeu o controle no quilômetro 4, no bairro Betânia, arrastando dez veículos e matando o próprio motorista. No mesmo ponto, o problema se repetiu em maio de 2015, quando mais uma carreta com 22 toneladas de minério de ferro bateu em dez automóveis, matando uma pessoa e ferindo outras quatro.
Em janeiro de 2016, duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas na colisão entre uma van, um caminhão e dois veículos de passeio, também na descida do Betânia. Em setembro de 2017, mais um caminhão sem controle, novamente carregado de minério, bateu em seis carros e explodiu matando três pessoas e ferindo outras 11.
(Colaborou Renata Galdino)
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