Após pagar fiança, motorista de aplicativo que causou duas mortes no Anel ganha liberdade

José Vítor Camilo
16/10/2019 às 15:44.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:15
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

Pouco tempo após ser detido, o motorista da Uber que causou o acidente que matou duas irmãs no Anel Rodoviário, na última segunda-feira (14), já  está em liberdade. Ele recebeu o direito à liberdade provisória na Justiça e foi solto na tarde desta quarta-feira (16), após pagar uma fiança de R$ 9.980. O suspeito, de 57 anos, estava internado desde o acidente, mas recebeu alta na tarde de terça-feira (15) e foi encaminhado ao sistema prisional imediatamente. 

De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a audiência de custódia aconteceu por volta das 9h30 desta quarta. Após analisar o pedido da defesa e o parecer do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que foi favorável à liberdade do preso, a juíza resolveu revogar a prisão do motorista, que era réu primário. Luiz Costa
O motorista de 57 anos deixou o Ceresp de Contagem por volta das 14h desta quarta-feira (16)

Porém, acatando o pedido dos promotores, a magistrada exigiu que ele cumpra algumas medidas cautelares, como se compromissar a comparecer em todos os atos do inquérito e da ação penal, caso uma denúncia seja enviada pela polícia à Justiça, e a suspensão de sua habilitação pelo período de seis meses. 

"No caso em tela, o arbitramento de fiança se mostra adequado, tendo efeito pedagógico. Além disto, a fiança ainda visa assegurar o comparecimento aos atos do processo", argumenta a juíza na decisão. Caso o suspeito descumpra alguma das medidas cautelares, ele poderá ter prisão preventiva decretada novamente. 

, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou, por meio de nota, que o motorista da Uber foi desligado do Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Contagem ainda na tarde desta quarta, por volta das 14h, após a comprovação do pagamento da fiança no valor de dez salários mínimos. 

Segundo o professor Lucas Soares, de 33 anos, amigo de infância das duas irmãs mortas no acidente, disse que os familiares delas acreditavam que o motorista que causou o acidente estava morto. "Pagou fiança e foi solto e nossas meninas, infelizmente, só restou a lembrança. Quem dera se pagasse uma simples fiança e elas pudessem voltar à vida", lamentou. 

A reportagem foi até a casa do motorista para conversar com ele, mas o homem pediu para avisar que acabou de sair do hospital e não tem condições de falar no momento. 

O acidente

A batida aconteceu na tarde de segunda-feira na pista marginal do Anel Rodoviário, na altura do bairro Suzana, região Nordeste de Belo Horizonte. Um vídeo de uma câmera de segurança mostrou que o condutor do aplicativo teria avançado o cruzamento onde havia uma parada obrigatória, sendo atingido na lateral por um ônibus suplementar da linha 80 (Jardim Vitória / Estação Vila Oeste). 

Com o impacto, morreram as duas irmãs que estavam no banco traseiro do carro de passeio, . As duas estavam a caminho da casa da mais nova delas onde pegariam um carro para buscar o pai no hospital, pois ele tinha acabado de receber alta. 

Para Lucas Soares, o motorista do carro de aplicativo foi irresponsável. "Ele passou direto no cruzamento, nem olhou e foi atravessando. Quando se transporta vidas, tem que pensar nisso antes de tentar atravessar em um lugar tão perigoso", lamentou na terça-feira (15), após acompanhar o velório das vítimas. 

Por nota, a Uber lamentou o acidente e declarou que está "se solidarizando com os familiares das vítimas neste momento de dor". Segundo a empresa, todas as viagens feitas pelo app são cobertas por um seguro APP, que cobre acidentes pessoais. Em caso de morte, conforme consta no site da empresa, o seguro é de R$ 100 mil.

Assista ao vídeo que mostra o momento do acidente: 

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