(Associação dos Diabéticos Infantil Divulgação)
Depois de 17 anos oferecendo apoio aos pais com crianças carentes com diabetes, a Associação de Diabetes Infantil (ADI) corre risco de fechar as portas por falta de sede. Com o fim do contrato de uso por comodato, a ADI terá de entregar o prédio usado nos atendimentos, no Concórdia, região Leste de BH.
Centenas de famílias estão apreensivas diante da ameaça de perder as doações de insulina, tiras de teste e alimentos que ajudam no tratamento.
"A associação é nossa segunda casa, nosso alicerce, nosso refúgio", relatou a salgadeira Adriana Oliveira Severino, mãe de Samuel Severino, de 13 anos, que acabou de receber doações de insulinas para prosseguir no tratamento do filho.
Quando Samuel tinha cerca de 4 anos, a família recebeu o diagnóstico de diabetes. "Eu e meu marido ficamos desorientados, sem saber o que fazer diante de uma doença que não conhecíamos. Na associação fomos abraçados e acolhidos. Participamos de palestras que nos ajudaram a entender como ajudar no tratamento do nosso filho", lembrou Adriana.
Daisy Silva Coelho é mãe da pequena Laura Coelho (Arquivo Pessoal Reprodução)
A desempregada Daisy Silva Coelho também depende das doações da ADI. "No posto a gente quase nunca consegue insulina, tiras e agulhas suficientes para o mês inteiro. Sem a associação vamos ficar de mãos e pés atados", disse a mãe de Laura Coelho, de 6 anos, que desde os 4 faz acompanhamento da doença.
Daisy, que também tem um filho autista de 8 anos, afirmou que a ajuda da associação é fundamental, inclusive para colocar comida na mesa. "Se essa porta se fechar, não sei o que vou fazer. Precisamos de ajuda para manter a ADI funcionando", pediu.
(Associação de Diabetes Infantil Divulgação )
Entenda o caso
A presidente da Associação de Diabetes Infantil, Maria Aparecida Marques Campos, mais conhecida como Cidinha, explicou que o contrato de comodato assinado com a Sociedade São Vicente de Paula, com validade de 10 anos, já venceu e o prédio terá de ser entregue. A associação podia ocupar o espaço, localizado na rua Tamboril, 711, sem necessidade de pagar aluguel.
"Agora não temos para onde ir. Estávamos nos preparando para fazer uma reforma no imóvel, inclusive na parte danificada pelas chuvas, quando recebemos o pedido de entrega do prédio. Tínhamos acabado de fazer uma rifa e conseguir dinheiro para a pintura", lamentou a fundadora da ADI.
A associação também oferece rede de apoio aos pais de crianças com diabetes com encaminhamento para consultas especializadas principalmente de oftalmologia, nefrologia e cardiologia.
"Também orientamos ass famílias quando há necessidade de internação para cirurgias. São famílias carentes que, muitas vezes, não têm como comprar alimentos necessários para fazer a dieta dos filhos com diabetes", explicou Cidinha.
Ainda segundo a presidente da ADI, muitos pais chegam na associação desorientados, chorando e sem saber o que é a doença, ou mesmo se existe tratamento. "Agora que conseguimos ter uma estrutura de apoio bem organizada, vamos ter que fechar as portas. É muito triste", disse Cidinha.
A ADI enviou um documento para a Prefeitura de Belo Horizonte pedindo ajuda e sugerindo que a associação pudesse ocupar algum imóvel do município que esteja vago ou abandonado. Porém, ainda não obteve resposta.
"Enviamos uma lista com endereços de imóveis desocupados e estamos com muita esperança de que a Prefeitura vai se sensibilizar para que o atendimento não seja paralisado", comentou Cidinha.
Em nota, a PBH informou que está analisando o pedido de imóvel do município feito pela ADI.
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