A confirmação do reajuste na tarifa em Belo Horizonte já faz com que muitas pessoas coloquem os gastos com transporte coletivo em destaque na relação de finanças. O valor ainda não foi definido, mas passageiros já fazem as contas e garantem que terão que se adequar.

"Água, luz, aluguel, supermercado, e agora, a passagem de ônibus. Minha empresa pagava aos funcionários, mas já anunciou o corte. Tem gente que já pediu demissão porque não vai conseguir pagar. Com o aumento, acho que isso vai acontecer mais vezes", lamenta o motorista Emerson Geraldo, de 35 anos.

Casado e pai de dois filhos, ele esperava pelo coletivo na estação Vilarinho na manhã desta quarta-feira (6), e acredita que vai precisar rever as contas de casa.

"O aumento do salário não vai vir, a gente já sabe disso. E com a passagem mais cara, vai faltar dinheiro em casa, sem dúvidas. Sinceramente, ainda não sei o que fazer, mas gostaria que os chefes tivessem mais preocupação com a nossa situação", afirma.
Ariana de Oliveira, de 36 anos, está desempregada. Casada e mãe de três filhos, ela vem dependendo do marido para garantir o sustento, e mesmo diante da busca por um novo trabalho, já enfrenta problemas com o valor da tarifa.

"O único cartão de ônibus que temos é do meu marido, e ele usa diariamente no trabalho. Meus filhos mais velhos precisam sair Lara estudar, e nós pagamos. Quando saio para entregar currículos, também tiramos o dinheiro do bolso. Se hoje já está difícil, não consigo imaginar quando subir a passagem. Ou a gente corta gastos com rigor em casa, ou não vamos conseguir sair para nada", desabafa.

Até mesmo quem trabalha na estação, que recebe passageiros das linhas coletoras, Move e metrô, já sente os prejuízos. Vânia Rosa, de 50 anos, vende lanches próximo à plataforma há quase 5 anos, e sentiu diferença na clientela.

"Já faz meses que venho percebendo a estação sempre muito cheia, em vários horários, mas as pessoas não têm mais dinheiro, então a banca tem ficado mais vazia. Acho a passagem muito cara, e agora que pretendem aumentar, vai ficar mais difícil ainda. Não vão ter como comprar com a gente, não importa o preço dos produtos, porque não vai sobrar nada para ninguém", comenta.

Reajuste

A Justiça mineira acolheu pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Transporte e Passageiros (Setra-BH) na terça-feira (5), e determinou a implantação do reajuste anual das passagens de ônibus. A decisão foi assinada pelo juiz da 3ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal de BH, Wauner Batista Ferreira Machado, e deve ser atendida pelo Executivo em até 10 dias.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que vai fazer o reajuste da tarifa dos ônibus que operam na cidade, cumprindo a decisão judicial. O valor ainda não foi definido, mas segundo o prefeito Fuad Noman (PSD), a ausência de subsídio pode levar a tarifa a R$ 5,75 na cidade.

Em nota, o executivo municipal declarou que, após a notificação oficial e a análise do documento, o Município decidiu que irá instaurar o procedimento administrativo para proceder ao reajuste determinado judicialmente, sem prejuízo da avaliação de eventuais recursos se cabíveis e viáveis.