
Belo Horizonte começa a semana com o desafio de tirar de circulação 53 mil trabalhadores e outros milhares de consumidores das ruas. A capital inicia hoje o recuo nas medidas que permitiram flexibilizar o isolamento social, com a reabertura de parte do comércio. Para evitar excessos e descumprimento da determinação, motivada pela explosão de casos da Covid-19 na cidade, todo o efetivo da Guarda Municipal vai vistoriar os estabelecimentos.
Aqueles considerados não essenciais e flagrados com as portas abertas poderão ter o alvará de funcionamento suspenso. Além disso, agentes da prefeitura estão habilitados a aplicar multa de até R$ 5,6 mil aos infratores. A Secretaria Municipal de Planejamento alegou que a medida não pretende prejudicar os comerciantes e será aplicada apenas em último caso. Confira aqui o que poderá ficar aberto e os horários de funcionamento.
Comandante da Guarda, Sérgio Prates ressaltou que a corporação vai atuar para evitar aglomerações e reduzir o risco de contágio pelo novo coronavírus. “Primeiro, orientamos a seguir os protocolos. Mas, em caso de reincidência, a Guarda pode recolher o alvará de localização e funcionamento. A multa é aplicada pelos fiscais”, disse.
Ainda nesta semana, a prefeitura vai sancionar o projeto de lei que autoriza multa de R$ 100 para quem não usar máscaras. O equipamento de proteção individual deve ser obrigatório nas ruas e demais locais públicos, além de no transporte público e dentro dos estabelecimentos. O texto já foi aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte e, assim que chegar às mãos do prefeito Alexandre Kalil (PSD), deverá ser homologado e começar a vigorar.
Isolamento necessário
Todas essas medidas, destacou o infectologista Unaí Tupinambás, são necessárias para conter o contágio da doença. Desde o início da pandemia, há mais de três meses, a taxa de transmissão nunca foi tão alta. “A população está mais preocupada, pois agora é mais comum conhecer alguém que foi infectado. Então, acho que os moradores vão cooperar com o isolamento. Neste momento, as pessoas só devem sair de casa para o necessário”, declarou o médico, que integra o Comitê de Enfrentamento de Combate à Covid-19 na capital.
O especialista frisou, ainda, que a PBH vai acompanhar a evolução da doença dia a dia. Caso a situação não se controle, ele não descartou que algumas atividades essenciais também deixem de funcionar na cidade.
Evitar colapso
“O que estamos fazendo é manter esta situação sob controle. Faz-se necessário um novo passo, para não deixar a situação explodir, para as pessoas não ficarem sem leitos”, destacou o infectologista Estevão Urbano, também do comitê.
“É dar uma estancada neste exponencial de contaminações e, logo em seguida, começar flexibiliza-ções de forma intermitente, que parece ser a estratégia mais adequada nesta pandemia que vai demorar”, disse o especialista, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI).