Saúde

BH lidera ranking de capitais com mais mulheres diagnosticadas com depressão

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
23/05/2022 às 19:42.
Atualizado em 23/05/2022 às 20:01
BH é a capital do país com maior frequência de depressão entre as mulheres. (Pixabay/Divulgação)

BH é a capital do país com maior frequência de depressão entre as mulheres. (Pixabay/Divulgação)

Belo Horizonte lidera o ranking de capitais com maior frequência de diagnósticos de depressão em mulheres (23,3%). Depois da capital mineira, aparecem Campo Grande (21,3%) e Curitiba (20,9%).

Os dados foram divulgados pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2021 (Vigitel), que é  reconhecido pelo Ministério da Saúde. 

De acordo com o levantamento, as capitais com os menores índices de depressão entre mulheres são Belém (8%), São Luís (9,6%) e Macapá (10,9%).

A pesquisa revela ainda que Belo Horizonte é a segunda capital brasileira em que mais adultos declararam ter diagnóstico médico de depressão em 2021, com 17,15%.

Em primeiro lugar aparece Porto Alegre, onde 17,49% dos entrevistados relataram ter a doença. A capital do Rio Grande do Sul também ocupa a primeira posição entre pacientes do sexo masculino. E BH está no sexto lugar neste segmento, com 10,12%.

O levantamento da Vigitel aponta também que os números da capital mineira estão acima da média nacional. No conjunto das 27 cidades onde a pesquisa foi realizada, o índice registrado entre mulheres em BH (23,3%) é superior à média registrada no Brasil, de 14,7%. 

Já entre os homens, a média de BH (10,12%) também ultrapassa a nacional de 7,3%. O índice de Belo Horizonte, de 17,15%, que contempla homens e mulheres maiores de 18 anos, também é maior que a média nacional de 11,3%.

Sobrecarga na pandemia

Segundo a psicóloga clínica, Laila Resende, a cobrança da sociedade e a autocobrança têm gerado uma sobrecarga nas mulheres, especialmente durante a pandemia da Covid-19. 

"Acredito que sim, as mulheres continuam se sobrecarregando com o trabalho home office e afazeres domésticos. A mulher ainda é colocada como cuidadora. Principalmente nesse momento pandêmico, muitos sofrimentos vieram, além do normal. O que pode ter contribuído para esse cenário", explica a especialista.

A psicóloga também acredita que uma possível procura maior das mulheres pelo atendimento médico relacionado à doença também pode ter influenciado no alto índice em BH.

"Hoje, temos muitos profissionais que atendem cobrando valores sociais e isso abarca a realidade econômica. Com isso, ficou mais fácil as mulheres buscarem ajuda quando sentem necessidade", afirma. 

Outro fator que contribui para a depressão das mulheres, segundo Laila Resende, é o fato de que ainda vivermos em uma sociedade machista, o que acaba gerando uma sobrecarga nelas, que afeta a saúde mental.

"Os homens se furtam muito de fazerem a parte deles no âmbito privado e as mulheres têm que lidar com a jornada dupla e tripla, o que gera uma sobrecarga enorme. Os trabalhos invisíveis, casa e cuidado com os filhos, somado ao trabalho gera uma auta carga de estresse", alerta a especialista. 

A psicóloga Adriane Pedrosa defende a importância de as mulheres serem realistas em relação às situações do dia a dia, assumindo suas vulnerabilidades e fraquezas. "As mulheres precisam buscar pelo autocuidado. Precisa partir de nós, porque para que possamos cuidar de outras pessoas precisamos, primeiro, estar bem", afirma.  

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