Operação Guardiões do Bioma

Bombeiros de três estados fazem treinamento em Minas para combate a incêndios florestais

Luciane Amaral
lamaral@hojeemdia.com.br
Publicado em 17/07/2022 às 14:41.Atualizado em 17/07/2022 às 14:44.
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)
(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

É a partir de julho, com tempo seco e o longo período de estiagem, que aumenta o desafio de bombeiros e brigadistas. Começa nesta segunda-feira (18) o treinamento de 66 bombeiros militares, que vão atuar na Operação Guardiões do Bioma, do Governo Federal, no combate a queimadas e incêndios florestais em todo o país. Parte dos militares já está em BH. 

Durante seis dias, os bombeiros vão ter aulas teóricas e práticas para reforçar técnicas e táticas de combate ao fogo, conhecimento de comando de operações, sobrevivência, atendimento pré-hospitalar e operações aéreas, explica o capitão Heitor Mendonça.

Aos 38 anos, ele é subcomandante do Batalhão de Emergências Ambientais e Atendimento a Desastres do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e será um dos instrutores. O grupo é responsável pelo atendimento de ocorrências graves, que envolvem produtos perigosos, como o acidente registrado na sexta-feira (15), com uma carreta bitrem carregada com álcool anidro, que bateu de frente com um caminhão. 

A BR 262, em Betim, na região metropolitana, ficou fechada por 17 horas. E, além do combate às chamas, os bombeiros tiveram de resfriar o tanque de combustível para permitir o transbordo da carga, a fim de que os veículos fossem removidos e a rodovia,  liberada.

Os bombeiros do Batalhão de Emergências Ambientais têm grande experiência com ocorrências de alta complexidade, já que atuam também no atendimento a incêndios florestais, situações de deslizamentos, soterramentos, estruturas colapsadas e casos de múltiplas vítimas. A tropa atua em todo o estado, dando apoio a equipes locais, que fazem os primeiros atendimentos.

O treinamento do Guardiões do Bioma envolve 33 bombeiros de Minas e 33 do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Distrito Federal - todos especializados no combate a incêndios florestais. É uma parceria entre o Corpo de Bombeiros de Minas, a Liga dos Bombeiros Militares do Brasil e a Força Nacional. Veja a galeria de fotos no fim da reportagem.

A ideia é fazer um nivelamento de métodos de extinção de incêndio, como o uso de equipamentos a exemplo de bombas costais, abafadores, ferramentas, sopradores, além de noções de georreferenciamento (uso de GPS), montagem de acampamento, deslocamento em áreas de difícil acesso, resgate de vítimas ou amparo a bombeiros militares acidentados.

“Uma das principais preocupações são as situações que envolvem a segurança dos militares, para evitar que fiquem expostos a riscos como fogo, intoxicação com fumaça ou acidentes com relevo acidentado”, destaca o Capitão Heitor.

Minas Gerais foi escolhido para o treinamento especial pela experiência do Corpo de Bombeiros na atuação de combate a incêndios florestais. De acordo com a corporação, no estado, nos últimos quatro anos, a quantidade dessas ocorrências vem aumentando. 

Em 2019, no período de estiagem, entre abril e setembro, o número se aproximava de 15 mil registros; no ano passado, foram quase 22 mil. Desses, mais de 800 foram em locais de difícil acesso, como parques, reservas, áreas de pasto e reflorestamento.

O estado tem 38 parques estaduais, além de Áreas de Proteção Ambiental (Apas), que são monitorados pela Força-tarefa Previncêndio, coordenada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em parceria com Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Defesa Civil, prefeituras e parceiros privados. O rastreamento de todas essas áreas verdes é feito por satélites que identificam pontos de calor e fornecem as coordenadas geográficas desses locais.

Todos os dias, o sistema Previncêndio recebe Mapas de Risco Meteorológico e de Precipitação elaborados pelo Instituto Nacional de Pesquisa (Inpe). Esses relatórios servem de base para os cálculos sobre comportamento do fogo, velocidade de propagação.

Após a detecção de um possível incêndio, há um cruzamento de dados com a base de dados georreferenciados do IEF. Nessa fase é que entra em ação o Sistema de Alerta e Risco de Incêndios Florestais. Se o incêndio for confirmado, Brigadas Voluntárias de Combate ao Incêndio Florestal, Escritórios Regionais e  Núcleos Operacionais do IEF são acionados para fazer avaliação de campo.

Assim que a ocorrência é registrada, viaturas do IEF ou do Corpo de Bombeiros que estiverem mais próximas do local do fogo recebem um alerta e se deslocam para a área. 

No estado, há duas principais centrais que funcionam 24 horas, para receber os chamados e coordenar o acionamento de equipes e avaliação de riscos. Uma fica em Januária, na região Norte, e a outra em Curvelo, município escolhido pela posição central estratégica.

De acordo com as estatísticas de atendimento do Corpo de Bombeiros, o trabalho deve ser intenso no combate aos focos neste ano. Entre abril e junho, já são 4.689 chamados - 2.210 só em junho,o maior volume de casos desde abril. O treinamento agora é fundamental, já que a época mais crítica começa em julho e vai até setembro. 

Na sexta-feira e no sábado, termina a instrução dos alunos, que farão treinamento prático com simulação de combate ao fogo e uso de helicópteros (embarque e desembarque de equipes). Os bombeiros também vão ver a demonstração do Arcanjo 10 - um avião Air Tractor, de uso agrícola proveniente de apreensão judicial, que passou por diversos ajustes para favorecer a operação e melhorar a performance do motor.

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Quatro pilotos do Batalhão de Operações Aéreas dos Bombeiros fizeram voos em simuladores e 43 horas de treinamento prático cada um, para aprimorar técnicas de alijamento de água, pousos e decolagens e voos de baixa altura. A aeronave é usada para despejar água para combate às chamas em áreas de difícil acesso.

No próximo domingo (24), todos os militares serão deslocados para locais estratégicos do estado, que registram maior número de ocorrências de incêndios florestais. ”Após o treinamento, esses militares poderão ser empregados em apoio ao combate a incêndios florestais em outros estados que tenham a demanda, em todo o país”, finaliza Heitor Mendonça.

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