Carnaval fora de época pode ser alternativa para blocos e escolas de samba de BH

Bernardo Estillac
bernardo.leal@hojeemdia.com.br
15/12/2021 às 18:02.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:33
 (Élcio Paraíso / PBH / Divulgação)

(Élcio Paraíso / PBH / Divulgação)

Belo Horizonte prepara editais que viabilizarão eventos com blocos e escolas de samba para depois do Carnaval de 2022. Em reunião na Prefeitura nesta quarta-feira (15), membros do Executivo municipal e lideranças das entidades ligadas à festa popular traçaram planos para o próximo ano.

Os editais serão lançados a partir de abril de 2022 e construídos com a participação dos grupos populares do Carnaval belo-horizontino. Na reunião desta quarta, participaram também o presidente da Empresa Municipal de Turismo (Belotur), Gilberto Castro, e o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado.

O prefeito Alexandre Kalil (PSD) afirmou anteriormente que autorizou a Belotur a investir o dinheiro que seria do Carnaval de 2022 em eventos posteriores. Para o presidente da Liga Independente dos Blocos de Santa Tereza (Si Liga), Kerison Lopes, a expectativa é de que essa quantia seja contemplada pelos editais.

Lopes afirma que a reunião foi importante para atender a cadeia produtiva do Carnaval, que passa a ter uma perspectiva de voltar a trabalhar com a festa mesmo depois do período em que ela tradicionalmente acontece.

Para Paulo Vitor Ribeiro, do Bloco Seu Vizinho, os editais destinados às festividades fora de época ajudarão vários profissionais envolvidos com os eventos. "A gente depende muito do Carnaval. Trabalhamos com produção de camisa, tem os vendedores ambulantes, os músicos, as pessoas que mexem com equipamento de som. O Carnaval não acontece só no dia", afirma o líder do bloco que é situado no Aglomerado da Serra, região Centro-Sul da capital.

Demanda antiga
Embora avaliem positivamente a reunião com a Prefeitura, as lideranças dos grupos carnavalescos ressaltam que as medidas discutidas nesta quarta-feira (15) são reivindicações antigas.

"Foi uma esperança, mas era algo que queríamos pro início de 2021. Pessoal não estava querendo ir pra rua de qualquer jeito e causar aglomeração, queríamos uma organização", afirma Paulo Vitor Ribeiro, que acredita que o Executivo municipal poderia ter chegado a essa decisão bem antes.

"Já é uma demanda antiga. A gente acha que ela deveria ter sido discutida antes. Mas antes tarde do que nunca", avalia Kerison Lopes.

Blocos nos eventos fechados
Apesar da folia na rua não contar com o apoio da Prefeitura, os eventos particulares foram liberados e já estão sendo planejados na capital mineira. A falta de participação dos blocos e escolas de samba, no entanto, é alvo de críticas.

O tradicional bloco Então, Brilha! já se posicionou de forma contrária aos eventos pagos no Carnaval de 2022, considerando as festas particulares como a "privatização da alegria".

O líder do bloco Seu Vizinho compactua com esse raciocínio. "Nessas festas privadas só participam os grandes artistas, não tem nenhum bloco de rua, que são os responsáveis por trazer BH para o circuito dos grandes carnavais do Brasil", afirma Paulo Vitor.

De acordo com Kerison Lopes, a questão foi discutida na reunião com a Prefeitura e uma proposta foi apresentada pelas lideranças do Carnaval.

"Pensamos na organização de um circuito de blocos em locais fechados de BH, como os mercados distrtiais, a Serraria Souza Pinto e a quadra da Escola de Samba Cidade Jardim. Durante os quatro dias, os blocos vão se apresentar com ingressos a preços populares", explica Lopes, que disse que a ideia foi vista com bons olhos pelo prefeito.

Os eventos, no entanto, ainda estão em fase de planejamento e não contarão com patrocínio da PBH. 

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