Julgamento

Chacina de Unaí: advogado diz que acusação vai pleitear 100 anos de prisão a Antério Mânica

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
Publicado em 24/05/2022 às 12:52.
 (Gabriel Rezende/ Hoje em Dia)

(Gabriel Rezende/ Hoje em Dia)

Assistente de acusação, o advogado Roberto Tardelli está otimista de que Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, será condenado como mandante da chacina ocorrida no município em janeiro de 2004. À época, três auditores e um motorista foram mortos. Nesta terça-feira (24), teve início um segundo julgamento do réu, na sede da Justiça Federal em Belo Horizonte.

"O que vamos pleitear é a manutenção da sentença, proferida no último julgamento. É isso que vamos buscar". A condenação a qual se refere Tardelli é de 2015, quando Mânica foi sentenciado a 100 anos de prisão. A sentença foi anulada em 2018 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Por isso, ocorre novo julgamento nesta semana. 

O advogado vê erro do Tribunal em anular a primeira condenação. "O tribunal errou, porque o que o desembargador viu como insuficiência de provas foi uma visão equivocada do processo. Todos erram. O desembargador (responsável por anular a sentença) trabalhou os indícios como se eles fossem autônomos. Não são. É uma teia que dá a certeza moral da culpa do Antério Mânica”, alegou.

As primeiras prisões envolvendo o caso só ocorreram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

Na opinião de Tardelli, Mânica só não está preso devido ao poder econômico. "São 18 anos em que o poder econômico está confortável. Quem foi condenado foram os que o poder econômico utiliza. Os executores só cometeram o crime porque foram levados por uma força econômica. Eles não tinham nada contra as vítimas. Quem tinha foi quem contratou", completou. 

Chacina 

O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada. 

Quando assassinados, os três auditores investigavam denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. A morte dos três provocou mobilização política e social na época e, em homenagem às vítimas, a data dos assassinatos foi transformada em “Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo”.

O ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime.

A sentença deles saiu em 2015, com cada um condenado a cumprir 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica.

"Os que mataram (os fiscais) estão presos. Não se pode falar que tenha impunidade nesse caso. Contra Mânica não se tem nenhuma prova", disse o advogado do ex-prefeito, durante a sustentação oral na sessão que reviu a condenação.

Em virtude da anulação, o ex-prefeito está sendo submetido a novo julgamento, que começa hoje. 

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

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