Chacina de Unaí

Julgamento de Antério Mânica deve se estender por quatro dias; veja como será

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
24/05/2022 às 11:23.
Atualizado em 24/05/2022 às 11:39
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

O novo julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, iniciado nesta terça-feira (24), na sede da Justiça Federal, no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte, deve se estender até a sexta-feira (27).

No período, serão ouvidas 20 testemunhas, sendo 14 de acusação - duas destas são réus colaboradores - e 6 de defesa. Nesta manhã, sete jurados foram definidos a partir de sorteio. 

Antes de começar o julgamento, familiares, amigos e representantes de movimentos ligados aos auditores fiscais protestaram na porta do Tribunal, cobrando uma condenação próxima à estabelecida em 2015, quando Mânica foi sentenciado a 100 anos de prisão. A sentença foi anulada em 2018 pelo TRF-1. Por isso, ocorre novo julgamento nesta terça. 

Representam a acusação as procuradoras da República Mirian Moreira Lima, Aldirla Pereira de Alburquerque e Juliana de Azevedo Santa Rosa Câmara.

A defesa de Antério Mânica é representada pelo advogado Marcelo Leonardo. A reportagem do Hoje em Dia procurou a defesa do acusado e aguarda retorno.

Provas contra Mânica 

O Ministério Público Federal (MPF) sustenta ter provas do envolvimento de Mânica na morte dos auditores. Conforme o órgão, no dia anterior ao crime, um carro, igual ao da esposa do ex-prefeito, foi visto em um posto de combustível, onde também estavam os atiradores. 

A versão foi apresentada por William Gomes, condenado por ser um dos assassinos. Ele disse que dentro do carro estava um homem “muito bravo”, que ordenava que “era para matar todos”. 
 
Outra prova do MPF são ligações realizadas da fazenda de Mânica para a cidade de Formosa (GO), onde morava um dos atiradores.  

A acusação também cita “posição de liderança de Mânica” sobre os irmãos. Antério, antes do crime, já teria inclusive feito “investidas” contra os auditores. Em uma das ocasiões, teria ligado para a Delegacia do Trabalho na cidade para reclamar que os fiscais estavam “incomodando” e ameaçavam seus interesse políticos na região. 

Chacina 

O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada. 

Quando assassinados, os três auditores investigavam denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. A morte dos três provocou mobilização política e social na época e, em homenagem às vítimas, a data dos assassinatos foi transformada em “Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo”.

As primeiras prisões envolvendo o caso só aconteceram em 2013, uma década após os assassinatos. 
Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

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