Com rejeitos no rio Paraopeba, Pará de Minas perde principal fonte de água e decreta emergência

Juliana Baeta
05/02/2019 às 16:22.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:24
 (Divulgação/ Prefeitura )

(Divulgação/ Prefeitura )

Sem ter como captar a água do rio Paraopeba, principal fonte de abastecimento em Pará de Minas, na região Centro-Oeste de Minas, a prefeitura decretou situação de emergência nessa segunda-feira (4). Segundo o prefeito da cidade, Elias Diniz, até o último dia 29, quando deixou de captar a água, 100% do abastecimento hídrico da cidade era oriundo do rio, em um volume de cerca de 200 litros por segundo. Porém, com a contaminação do Paraopeba após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, isso se tornou inviável, deixando a população de cerca de 100 mil habitantes incerta sobre o futuro hídrico da cidade. 

A recomendação para que o município parasse de captar a água do rio Paraopeba partiu das secretarias de Estado de Saúde, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Por meio de nota, o Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) salientou que "a água deste corpo hídrico apresenta riscos à saúde humana e animal".

Por enquanto, o abastecimento tem sido feito por meio de dois ribeirões da cidade, o Paciência e o Paiva, e por de alguns poços artesianos que foram ativados para este fim, além de caminhões-pipa, destinados a atender a população ribeirinha, já que a recomendação do Estado é também para que os moradores mantenham uma distância de pelo menos 100 metros das margens do rio Paraopeba.

"O objetivo do decreto é justamente manter a população abastecida. De imediato já foi feito o redirecionamento da captação de água para estes dois ribeirões e a ativação de alguns postos artesianos, mas isso é insuficiente para manter o abastecimento de toda a população", explica o prefeito Elias Diniz. 

Para as ações que visam garantir o acesso à água, o decreto autoriza, dentre outros tópicos, desapropriações em áreas passíveis de captação de água e ainda dispensa a necessidade de licitações para a contratação de serviços e aquisição de bens "necessários às atividades de resposta ao desastre". 

A preocupação maior, neste momento, segundo Diniz, é justamente com a população ribeirinha, que depende integralmente do rio para subsistência. "A população tem que ser atendida e resguardada, e precisamos que as medidas cabíveis sejam tomadas por quem de fato causou o desastre, que foi a Vale", reforça.

Ainda conforme a nota divulgada pelo Igam, "para manter o abastecimento, o Governo do Estado de Minas Gerais já determinou à Vale que forneça água potável para as comunidades afetadas". O órgão também orienta que qualquer pessoa que tiver contato com a água do rio Paraopeba, ou mesmo tiver ingerido alimentos que também tiveram este contato, e apresentar sintomar como náuseas, vômitos, coceira, diarreia e tonteira, deve procurar a unidade de saúde mais próxima.

Por meio de nota, a Vale informou que "está preparada para disponibilizar água para a população e área rural". Confira o comunicado na íntegra:

"A empresa apresentou ao Ministério Público e aos órgãos ambientais o plano para conter os rejeitos que vazaram da barragem I, que prevê a construção de diques no entorno da estrutura; a dragagem de sedimentos mais grossos e pesados, que serão recolhidos e dispostos em locais adequados; e a instalação de barreiras de retenção ao longo do rio Paraopeba. No total, três barreiras serão instaladas ao redor da captação de água de Pará de Minas, no rio Paraopeba. A medida busca reduzir o risco de falta de abastecimento de água do município.

As duas membranas de proteção do sistema de captação de água de Pará de Minas, no Rio Paraopeba, já estão em funcionamento. A segunda barreira foi colocada no domingo (3/02) e a primeira, no sábado (2/02). A terceira estrutura tem previsão de ser instalada o mais breve possível, mas a sua instalação depende das condições meteorológicas. A Vale está preparada para disponibilizar água para a população e área rural".

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