Uma demora no cessar-fogo no Oriente Médio pode impactar a economia mineira, apesar dos milhares de quilômetros que separam Minas e o confronto. Israel é um dos grandes importadores de café e milho produzidos no Estado, e as vendas podem ser prejudicadas caso o conflito entre israelenses e o grupo Hamas, retomado no último fim de semana, continue. A leitura é de especialistas em comércio exterior - que, no entanto, não veem prejuízos imediatos.

No ano passado, Israel foi responsável por importações mineiras que somaram US$ 33 milhões, sendo a agricultura um dos pontos principais de interesse.

“Tendo em conta que se passaram poucos dias do conflito, ainda não temos nenhum impacto na economia na prática, pois os portos e o espaço aéreo de Israel ainda não foram completamente fechados ou interrompidos, somente nas áreas críticas. Mas é importante analisarmos como será no futuro”, explica o consultor de negócios internacionais Alexandre Brito.

Além de ser um grande importador de Minas, o país também é considerado um importante parceiro de negócios enquanto fornecedor. No ano passado, Minas investiu US$ 63 milhões em itens israelenses diversificados. Desse total, boa parte foi usada na compra de adubo, o principal produto importado de lá.

Em Minas, 0,2% de todas as transações são feitas com israelenses. O baixo percentual se deve ao fato de o Governo do Estado implementar uma política estadual de diversificação de mercados. Por isso, a expectativa é a de que sejam atenuados, aqui, os impactos resultantes de recentes episódios internacionais como os conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina.

Com o avanço da guerra, o governo brasileiro poderá perder esse mercado, mas sem motivo para grandes preocupações, segundo Alexandre. “Essa importação de adubo não é uma importação crítica. É relevante, mas não é crítica ao ponto de criar uma escassez de adubo no Brasil, incluindo Minas”, destaca.

A guerra

Israel foi alvo de bombardeio na manhã de sábado (7), pelo horário local. O ataque surpresa, considerado um dos maiores sofridos nos últimos anos, foi assumido pelo movimento extremista islâmico Hamas e se concentrou na parte sul do país. O cenário, assustador, pode afetar algumas empresas, mas sem grandes impactos instantâneos.

“Essa situação deixa todo mundo apreensivo pelo contexto dos ataques e por conta da relação comercial entre os países. Mas, em termos monetários, nada que neste momento vá causar um reflexo tão grande”, acrescenta o professor da Fundação Dom Cabral, Eduardo Menicucci.