Depois das enchentes, o risco agora são as doenças nas 402 cidades afetadas em Minas

Da Redação
Hoje em Dia - Belo Horizonte
22/01/2022 às 13:41.
Atualizado em 26/01/2022 às 00:13
 (Carlos Magno de Souza/Arquivo HD)

(Carlos Magno de Souza/Arquivo HD)

Quase metade dos municípios mineiros decretaram situação de emergência em Minas por causa das fortes chuvas que atingiram o estado nas últimas semanas. Em muitas localidades, a água já baixou e a grande preocupação dos moradores, além dos prejuízos, são as doenças que enchentes e alagamentos trazem e que podem provocar surtos e até epidemias. 

Somente em 2021, a Fundação Ezequiel Dias realizou exames de mais de 1,2 mil pacientes com suspeita de leptospirose e mais de 400 exames de pacientes com suspeita de doenças diarreicas causadas por bactérias.

De acordo com o limnólogo, consultor ambiental e pós-doutor especialista em águas Ricardo Motta Pinto Coelho, é necessário que mineradoras e companhias de saneamento básico sejam transparentes com a população e alertem sobre riscos à saúde.

“As pessoas reclamam porque tomam água ou comem alimentos e se sentem mal, sentem dor de barriga, de cabeça. Esse efeito dura cerca de 10, 15 dias após as enchentes. É preciso que a população saiba disso para poder evitar o consumo de água suja durante o período”, explica.

A principal recomendação da Funed é evitar o contato com a água de enchente acumulada nas ruas. E, se isso for inevitável, o ideal é sempre usar calçados e meias, que protegem um pouco mais a pele.

Além disso, segundo a Fundação, é importante verificar se o reservatório e a rede de abastecimento de água potável da cidade foram afetados. Nesses casos, o município deve providenciar alguma fonte alternativa de água potável, como caminhões pipa ou água mineral.

Os moradores também devem fazer a higienização das caixas d’água ou de outros reservatórios nas residências e descartar alimentos que tiveram contato com a água da enchente.

Segundo o boletim divulgado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) neste sábado (22), já são 402 cidades em situação de emergência. E, para evitar a exposição da população a vírus, bactérias e metais pesados causadores de graves problemas de saúde, a Funed analisa a qualidade da água destinada ao uso e ao consumo humano. 

Além de identificar a presença de microrganismos patogênicos, a Fundação faz análises físicas (cor, turbidez, odor, sabor), químicas (presença de cloro, cloreto, nitrato, fluoreto, entre outros), toxicológicas (pesquisa de substâncias contaminantes como chumbo, mercúrio, alumínio, cromo, cianeto, entre outros) e de resíduos de pesticidas, que observa a presença de agrotóxicos. 

A Funed analisa a qualidade da água em 833 municípios mineiros. E, nos restantes, as análises são feitas em laboratórios próprios. A rede estadual é formada pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG), da Funed, em Belo Horizonte, e por outros 28 laboratórios em cidades polos,  que são as sedes das Regionais de Saúde no estado.

Em 2021, foram recebidas mais de 64 mil amostras e realizadas 120 mil análises para monitoramento da qualidade da água. Segundo o chefe da Divisão de Vigilância Sanitária da Funed, Kleber Baptista, o principal motivo de reprovação é a contaminação por microrganismos que podem causar risco à saúde. “Esse tipo de contaminação pode ocorrer devido a falhas no sistema de tratamento, vazamento na rede de distribuição ou falta de proteção do ponto de captação”, explica.

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