Uma escritora mineira lançou nas redes sociais uma campanha para mudar o nome do tradicional bolo de chocolate Nega Maluca. O objetivo é conscientizar as pessoas, já que a receita é atribuída a uma mulher escravizada. Três novos nomes foram sugeridos e "Maria-Maria" foi o preferido de quem participou da enquete.

A iniciativa é da ativista Odette Castro, que tem um projeto chamado “Fale Certo", criado há 10 anos para ressignificar nomes preconceituosos. O projeto visa a levar o debate sobre termos e palavras que possam ser substituídos.

“Já recebi diversos relatos de pessoas negras que se sentiam incomodadas ao comprar esse bolo”, diz a escritora que, nas redes sociais, também explica o conceito em cima da receita.

Como sugestões, ela lançou três nomes: “Maria-Maria”, “Iquequê” - da palavra bolo na língua africana - e “Bolo Africano”.

“Nós lançamos a semente para as pessoas refletirem sobre o uso dos nomes, que na grande maioria são femininos e incluem o racismo no uso. Tivemos um bom retorno com a campanha e não recebemos críticas ou pessoas falando que se tratava de mimimi”, garante Odette.

O nome, no entanto, não pode ser mudado do dia para a noite, reforça a ativista. Para isso, ela conta com o apoio da população. “Agora é no boca a boca e na divulgação da campanha. Peço a ajuda aos confeiteiros e donos de padarias para que não utilizem mais esse nome, e que a população espalhe a ideia”.

História do bolo “Nega-maluca”
De acordo com Odette, conta-se que uma mulher escravizada foi vendida para uma família aristocrata de São Paulo. Ela não falava português e se confundiu ao preparar uma receita de bolo, colocando chocolate em pó indevidamente na massa, provavelmente trocando-a por canela, já que o cacau tem origem na América Central. O bolo ficou delicioso, mas lhe deram o nome de Nega Maluca em ‘homenagem’ à mulher.